Políticos repercutem sanção dos EUA contra esposa de Moraes

Governo dos EUA anunciou nesta segunda-feira (22) medidas que atingem Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF

Da CNN Brasil
Viviane Barci de Moraes (à esquerda) e Alexandre de Moraes (à direita)  • Marcelo Camargo/Agência Brasil/Antonio Augusto/STF
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Políticos brasileiros repercutiram nesta segunda-feira (22) a decisão dos Estados Unidos de sancionar Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

A medida, divulgada pelo Departamento do Tesouro americano, tem como base a Lei Magnitsky e também atinge a empresa LEX – Institutos de Estudos Jurídicos, da qual Viviane e os filhos são sócios.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou um vídeo em que defende a anistia como única saída para reduzir tensões entre Brasil e Estados Unidos.

“Várias outras autoridades também estão sendo sancionadas hoje, vocês vão ver no decorrer do dia”, afirmou.

O também deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou a decisão ao apelidar Moraes e Viviane de “Casal Magnitsky”.

Já a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) acusou bolsonaristas de traição. “Os traidores da Pátria seguem tentando desesperadamente intimidar o Judiciário e violar a soberania do Brasil para salvar o líder da organização criminosa. Dessa vez Trump aplicou a Lei Magnitsky sobre a advogada Viviane Barci, esposa do ministro Alexandre de Moraes."

"A tentativa de interferência estrangeira no julgamento dos golpistas é inaceitável. Os bolsonaristas que articulam essa traição precisam ser responsabilizados urgentemente, já passou da hora de Eduardo Bolsonaro ser cassado e preso”, completou.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, se manifestou contra as sanções e compartilhou informações que atribuiu a uma suposta "conspiração" envolvendo a família Bolsonaro.

“A conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil não para: agora o governo Trump aplicou as sanções da Magnitsky a Viviane Barci, mulher do ministro Alexandre de Moraes, como retaliação ao julgamento em que o STF condenou os golpistas. É impressionante: atacam o Judiciário e ainda querem discutir anistia e redução de pena para golpistas”, declarou.

Moraes X EUA

Em julho, o governo americano já havia aplicado a Lei Magnitsky contra o próprio ministro Moraes, alegando “prisões arbitrárias” e “restrições à liberdade de expressão” no Brasil.

À época, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que Moraes atua como “juiz e júri” em uma “caça às bruxas ilegal” contra cidadãos e empresas brasileiras e americanas.

“De Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados – inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará a responsabilizar aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e as liberdades de nossos cidadãos”, disse Bessent.

O que é a Lei Magnitsky?

Lei Magnitsky faz parte da legislação dos Estados Unidos e autoriza o país a aplicar sanções econômicas contra indivíduos acusados de corrupção ou de cometer graves violações de direitos humanos.

Ela foi aprovada em 2012, durante o governo de Barack Obama, e prevê medidas como congelamento de bens e contas bancárias em território americano, além da proibição de entrada no país.

A norma surgiu após a morte de Sergei Magnitsky, advogado russo que denunciou um esquema de corrupção envolvendo autoridades locais e faleceu em 2009, enquanto estava preso em Moscou. No início, o objetivo era responsabilizar os envolvidos em sua morte.

Em 2016, uma emenda ampliou o alcance da lei, permitindo a aplicação das sanções a qualquer pessoa suspeita de corrupção ou de abusos contra os direitos humanos, em qualquer parte do mundo.

Quais punições a lei prevê?

Os nomes incluídos na lista podem ter bens e contas bloqueados nos EUA, perder o direito ao visto e ficar proibidos de entrar no país. Essas medidas podem atingir indivíduos, empresas ou organizações envolvidos em crimes financeiros ou em violações de direitos humanos.

Para ser retirado da lista, é necessário comprovar que não houve envolvimento nas condutas que motivaram a punição, que já houve responsabilização judicial pelo caso ou que houve mudança significativa de comportamento.

Em algumas situações, as sanções podem ser suspensas se o governo americano considerar a medida essencial para a segurança nacional. Nesses casos, o presidente precisa comunicar o Congresso pelo menos 15 dias antes de tomar a decisão.

*Publicado por João Scavacin, da CNN