PT resiste a Meirelles como referência econômica
Segundo fontes da campanha, divergências sobre assuntos como teto de gastos e reforma trabalhista são os motivos
O PT resiste a ascensão de Henrique Meirelles como referência da campanha para o mercado e eventual fiador de uma política econômica fiscalmente responsável em um eventual novo governo petista, dizem fontes da campanha do partido.
O incômodo cresceu nos últimos dias desde que Meirelles aceitou o convite do partido para declarar apoio a Lula junto com outros ex-candidatos a presidente, movimento revelado pela CNN.
A adesão de parte de ex-candidatos a presidente ocorreu na segunda-feira e desde então Meireles deu declarações que o colocou em rota de colisão com integrantes da campanha.
Uma delas, a defesa do teto de gastos. Em evento na XP Investimentos, ele criticou a derrubada do mecanismo. Ocorre que a queda do instrumento é uma das certezas dentre economistas da campanha, que avaliam algumas possibilidades para substituí-la.
Outra ideia que Meirelles defendeu, nesta semana, é a manutenção da reforma trabalhista. Petistas iniciaram a campanha defendendo a revogação da reforma, posição que depois foi modulada para uma “revisão”.
A leitura é de que Meirelles entra na campanha na reta final, quando Lula é favorito para vencer e tenta defender o legado econômico do governo Michel Temer, do qual foi ministro da Fazenda e formulador de diversas políticas, em especial a que implementou o teto de gastos. Temer foi o presidente que assumiu após a queda, via impeachment, de Dilma Rousseff, outro ponto lembrado pelos críticos de Meirelles. Antes disso, ele foi presidente do Banco Central nos dois governos Lula. Mais recentemente, foi secretário da Fazenda de João Doria em São Paulo.
O ponto central, contudo, da resistência dos petistas a ele é mais econômico do que político. Em especial porque suas ideias nesses dois pontos — teto de gastos e reforma trabalhista — confrontam-se com linhas gerais já definidas pelo partido desde antes da campanha.
Procurado, Meirelles disse reconhecer a existência de divergências, mas que acredita que elas serão discutidas normalmente nas próximas semanas.
Nesta quarta-feira, os analistas da CNN Gustavo Uribe e Thais Herédia revelaram que, segundo relatos feitos à CNN, Lula sinalizou a um grupo de aliados que pretende ter Meirelles como uma espécie de consultor para assuntos econômicos e, por isso, avalia convidá-lo para um posto executivo em um eventual futuro governo.
A apuração diz ainda que de acordo com fontes próximas a Lula, Meirelles, que é filiado ao União Brasil, poderia assumir a presidência de um banco estatal, como BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ou Banco do Brasil, ou presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, que seria recriado num eventual novo governo.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.