Secretários rebatem Lewandowski e cobram investimento para combate ao crime
Durante sessão da CPI do Crime, no Senado, ministro disse que estados “não estão fazendo nada para resolver problema da criminalidade”
Os secretários estaduais de Segurança rebateram o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, após o integrante do primeiro escalão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer que os governos “não estão fazendo nada no combate à criminalidade”.
Em nota publicada pelo Consesp (Conselho Nacional de Secretários de Segurança), os secretários detalham investimentos feitos nos estados comparado com orçamento da União.
O documento diz que, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, “de um montante de R$ 153 bilhões gastos com segurança pública, os estados aportam R$ 118,5 bilhões (77% do total o investido em todo o país), enquanto União dispende apenas R$ 22 bilhões, e os municípios R$ 13,5 bilhões”.
“Apenas 0,4% do total das despesas da União são direcionadas à segurança pública. Enquanto a segurança pública ocupa atualmente o centro das preocupações da sociedade brasileira, são os estados os que mais investem em prevenção e repressão ao crime no Brasil”, argumentam.
A fala de Lewandowski, que também responde pela segurança pública no governo Lula, ocorreu durante participação do ministro na CPI do Crime Organizado, no Senado Federal, na terça-feira (9).
“O que os governos estaduais estão fazendo para combater o crime organizado? Qual foi o governo de estado que resolveu o problema da criminalidade comum ou organizada? Nada, nada. Então, o que acontece hoje é uma inércia”, disse Lewandowski em resposta ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), que cobrou o ministro sobre um caso específico do Espírito Santo.
A reação à fala do ministro foi tratada em uma reunião extraordinária do conselho de secretários de segurança. O grupo também aproveitou para cobrar, em nota, a criação do Ministério da Segurança Pública, com alguém da área à frente da eventual pasta.
“Nesse cenário, o Consesp reafirma seu entendimento de que, sendo prioridade no Brasil, a segurança pública deve contar com ministério próprio, dirigido por gestores de segurança pública, o que certamente contribuiria com a estabelecimento do diálogo e a construção de pontes, fortalecendo a cooperação federativa nos termos do art. 144 de nossa Carta Magna, segundo o qual segurança pública é responsabilidade de todos, exigindo a união de esforços entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios.”


