Vagas de Medicina "exclusivas para MST" em PE gera críticas de entidades
Edital da UFPE prevê 80 vagas em Caruaru pelo Pronera; Conselho de Medicina e deputados divergem sobre critérios de acesso

A abertura do primeiro curso de graduação em Medicina por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) em Pernambuco gerou reações de entidades médicas e parlamentares.
O edital da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) oferece 80 vagas para o Centro Acadêmico do Agreste (CAA), em Caruaru, com início previsto para outubro de 2025.
A seleção é restrita a beneficiários do Pronera, como assentados da reforma agrária — ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) —, quilombolas e educadores vinculados ao programa.
Em nota conjunta, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), o Sindicato dos Médicos (Simepe), a Associação Médica (Ampe) e a Academia Pernambucana de Medicina (APM) se posicionaram contra a forma como o processo seletivo foi estruturado.
As entidades afirmam que o modelo “afronta os princípios da isonomia e do acesso universal” por não utilizar o Enem e o Sisu como critérios de ingresso, criando um “processo paralelo” que pode comprometer a credibilidade acadêmica.
Ver essa foto no Instagram
O tema também foi debatido na Assembleia Legislativa de Pernambuco na terça-feira (23). O deputado Coronel Alberto Feitosa (PL) classificou os critérios de ingresso como “arbitrários e de difícil fiscalização” e disse que a medida visa favorecer o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Já a deputada Dani Portela (PSOL) defendeu a iniciativa, lembrando que o Pronera já promoveu outros cursos superiores para trabalhadores rurais. “Quando mexe com direito, veterinária e medicina, parece incomodar bastante uma parte da elite brasileira que não admite ver pobre na universidade”, afirmou.
Segundo o edital, a seleção será feita em duas etapas: uma redação presencial com tema relacionado à realidade do campo e a análise do histórico escolar de Português, Biologia e Química do ensino médio. Haverá reserva de vagas para ações afirmativas, como candidatos de escolas públicas, de baixa renda, pessoas pretas ou pardas e pessoas com deficiência.
A CNN procurou a UFPE e o MST em Pernambuco e aguarda retorno.