Waack: Defesa Nacional sai do sono profundo

Senadores governistas e da oposição demonstraram, nesta quarta-feira (22), uma rara convergência em matéria de grande interesse nacional: um projeto de lei complementar para garantir mais dinheiro para a Defesa Nacional nos próximos seis anos. 

Serão R$ 30 bilhões, o que pode ser pouco para as necessidades que o país tem em melhorar sua capacidade defensiva, mas é um passo com valor simbólico nessa direção. Haverá impacto fiscal, pois esse dinheiro não entrará nos cálculos para equilíbrio de contas, nem poderá ser contingenciado ou bloqueado.  

O que ajuda a entender essa rara convergência entre grupos políticos antagônicos é a atual destruição da ordem internacional e suas severas implicações geopolíticas para um país como o Brasil, que parece ter acordado de repente e viu que o pesadelo só está começando. 

É grave nossa vulnerabilidade em um mundo que se tornou muito mais perigoso e imprevisível do que era há pouco tempo. Em boa parte, essa debilidade em termos de Defesa Nacional vem do fato de que nossa sociedade não se importou muito com esse tipo de assunto.

Os grandes eventos internacionais, como guerras, pareciam algo distante, e o Brasil, por ser um grande produtor de alimentos, um país protegido de suas consequências. Estamos aprendendo com certa dificuldade que não é bem assim, pois a falta de um projeto de consenso nacional e de estratégias a longo prazo tornam o imprevisível mais perigoso. 

Essas coisas limitam nossa capacidade de enfrentar - quanto mais de influenciar - fatos que consideramos negativos. Quem sabe a sacudida que estamos levando sirva para alguma coisa.