Conselho de saúde e associação de municípios do RJ são contra Réveillon

“A gente sofreu muito com a Covid-19, não podemos arriscar tudo agora”, afirmou o presidente do Cosems, Rodrigo Oliveira

Lucas Janone, da CNN, no Rio de Janeiro
Queima de fogos na praia de Copacabana no Réveillon de 2019
Queima de fogos na praia de Copacabana no Réveillon de 2019.  • Foto: Gabriel Monteiro - 1.jan.2019/ Secom/ Agência Brasil
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As entidades de saúde e as associações que representam os municípios do Rio de Janeiro afirmaram à CNN, nesta terça-feira (7), que são contrárias à realização de qualquer evento de Réveillon na capital fluminense.

Isso inclui a queima de fogos na praia de Copacabana, medida ainda discutida pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, e pelo governador Cláudio Castro. O principal motivo: aglomeração e a disseminação da Ômicron, nova variante do coronavírus, que foi identificada pela primeira vez na África do Sul.

“No atual momento, a cautela é uma boa conduta. Sofremos muito e agora está sob controle. Não ter o show [em Copacabana] é importante, pois é um elemento que traz aglomeração. A gente sofreu muito com a Covid-19, não podemos arriscar tudo agora”, disse o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio de Janeiro (Cosems-RJ), Rodrigo Oliveira.

À CNN, o presidente do Cosems-RJ explica ainda os possíveis impactos epidemiológicos que a realização da festa na cidade do Rio de Janeiro poderia gerar em outros municípios do estado.

Ele deixa claro que o Rio "não é uma ilha". “O que acontece aqui pode sim repercutir nos outros municípios do estado fluminense. O avanço da variante para os outros municípios pode se tornar uma realidade, caso os números de casos venham a crescer por aqui", disse.

No entanto, Rodrigo Oliveira acredita que a Secretaria Municipal de Saúde da capital tomará uma decisão acertada.

Endossando o discurso do Cosems, o presidente da Associação Estadual de Municípios do Rio de Janeiro (Aemerj), Luiz Antônio, também lembra que a pandemia está controlada, mas que ainda não acabou.

Segundo ele, precisamos continuar vacinando para evitar que os números de contaminação voltem a subir.

Por fim, ele admite que as festas de fim de ano podem ser um ‘alívio’ financeiro temporário para os fluminenses, mas lembra que as consequências do evento podem prejudicar a economia do estado a longo prazo.

“[Precisamos] insistir cada vez mais na vacina, que já demonstrou sua potência, e que toda grande aglomeração não deve ser feita, para evitar a disseminação do vírus e a contaminação dos não vacinados. Vamos lembrar que todas as nossas crianças ainda não tiveram a chance de se vacinar", declarou o presidente da Aemerj.

"E é bom lembrar também que que a economia vem reencontrando seu caminho e não é hora, por causa de um dia de festa, podemos atrapalhar meses de trabalho. A curto prazo pode até render empregos temporários, mas, no futuro, isso pode fazer que a gente volte a precisar fechar tudo”, concluiu.

Diante da especulação a respeito de como será a virada do ano no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro, reafirmou, nesta terça-feira (7), que a questão ainda será discutida com o comitê científico, que sugere as medidas no combate à Covid-19.

Entretanto, ele afirmou que a decisão final é dele e do prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Enquanto isso, nesta segunda-feira (6), Paes postou em uma rede social que a prefeitura do Rio vai estudar a possibilidade de realizar a queima de fogos de artifício na orla de Copacabana.

De acordo com ele, o secretário municipal de saúde do Rio, Daniel Soranz, vai ‘conduzir as negociações acerca do que é possível ser feito”.