Exercícios físicos podem ajudar pacientes com câncer de mama avançado
Estudo mostrou que um programa de treinamento personalizado pode reduzir a dor e a fadiga, melhorando a qualidade de vida das pacientes
Exercícios físicos podem ajudar a reduzir a dor e a melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer de mama metastático, de acordo com um novo estudo que será apresentado na quarta-feira (20), na 14ª Conferência Europeia sobre o Câncer de Mama, que acontece em Milão, na Itália.
Segundo os pesquisadores, pacientes de todas as idades se beneficiaram com os exercícios, mas a melhora foi mais evidente em mulheres com menos de 50 anos. No entanto, eles afirmam que as descobertas do estudo fornecem fortes evidências de que o exercício físico deve fazer parte do tratamento do câncer de mama metastático.
“Embora tenha havido muita pesquisa sobre exercícios para pessoas com câncer em estágio inicial, temos visto pouca pesquisa sobre exercícios em pacientes com doença mais avançada”, afirma Anouk Hiensch, da University Medical Center Utrecht, na Holanda. A pesquisadora apresentará a pesquisa na conferência em Milão.
O câncer de mama metastático acontece quando o tumor se espalha para outros órgãos do corpo, como pulmão, fígado, cérebro e ossos. É mais comum nos estágios avançados do câncer e quando o tumor é diagnosticado tardiamente.
“Os pacientes com câncer metastático, muitas vezes, passam por tratamento contínuo que visa prolongar a vida. Graças a esses tratamentos, muitos pacientes com metástase vivem mais tempo, mas muitos também relatam uma deterioração da qualidade de vida ao longo do tempo. Portanto, precisamos de estratégias de cuidados de suporte, como exercícios, que melhorem a vida desses pacientes”, completa.
Como o estudo foi feito?
O estudo incluiu 357 pacientes com câncer de mama metastático com idade média de cerca de 55 anos. As participantes foram recrutadas em um dos oito centros de câncer na Alemanha, Polônia, Espanha, Suécia, Holanda e Austrália.
Dessas, 178 foram selecionadas aleatoriamente para participar de um programa de exercícios de nove meses, junto com os cuidados habituais, e outras 179 seguiram com o tratamento convencional.
O programa de exercícios consistia em um treinamento personalizado feito duas vezes por semana, incluindo exercícios de resistência, aeróbicos e de equilíbrio. Todo o treino foi supervisionado por um fisioterapeuta ou por um fisiologista do exercício.
As pacientes de ambos os grupos foram incentivadas a praticar atividade física por, pelo menos, 30 minutos todos os dias e receberam rastreadores de atividades.
Ao longo do estudo, os pesquisadores perguntaram às pacientes como estavam seus níveis de fadiga e de qualidade de vida, incluindo sintomas como dor. O questionário foi respondido no início do estudo e após três, seis e nove meses.
De maneira geral, o estudo descobriu que as pacientes que participaram do programa de exercícios sofreram menos fadiga e apresentaram melhor qualidade de vida. Os melhores resultados foram observados nas mulheres com menos de 50 anos e naquelas que sofriam com dor no início do estudo.
“Com base nessas descobertas, recomendamos exercícios supervisionados para todas as pacientes com câncer de mama metastático – particularmente aquelas que sentem dor – como parte de seu tratamento padrão. As pacientes mais velhas também se beneficiaram com o exercício; no entanto, o programa pode exigir alguns ajustes adicionais para que beneficie tanto quanto as pacientes mais jovens”, afirma Hiensch.
No entanto, os pesquisadores alertam: antes de iniciar qualquer atividade física durante um tratamento para o câncer de mama, é fundamental conversar com seu médico e procurar um instrutor de exercícios para te orientar.
“Não sabemos exatamente por que é que o exercício ajuda os pacientes com cancro que sofrem de dor, mas pensamos que pode ser porque o exercício reduz a inflamação. Coletamos amostras de sangue de nossos participantes do estudo e o estudo dessas amostras pode nos dizer mais”, conclui.