Hantavirose: entenda o que é, sintomas e possíveis tratamentos
Entenda o que é a hantavirose, causas, sintomas e possíveis tratamentos


A hantavirose é uma doença viral aguda, transmitida por roedores silvestres. Por ser uma zoonose de evolução rápida, é importante conhecer os sintomas e as medidas necessárias para prevenir os casos.
O número de casos no país não é alto. Segundo o Ministério da Saúde, foram registradas 39 ocorrências de hantavírus no Brasil em 2022.
No entanto, as regiões com maior presença de roedores silvestres, como as áreas de plantações, devem se atentar aos cuidados básicos para evitar o contágio do vírus.
Diante disso, ter acesso a informações sobre as causas da hantavirose e os sinais da doença é o primeiro passo para a prevenção.
Conheça os sinais e sintomas, como acontece a transmissão, como é feito o diagnóstico e o tratamento da doença.
O que é a Hantavirose?

A hantavirose é uma doença provocada por um vírus transmitido de animais para humanos, portanto é classificada como uma zoonose viral aguda.
Roedores silvestres conhecidos como rato-da-mata e ratinho-do-arroz (das espécies Akodon e Oligoryzomys, respectivamente) são reservatórios do hantavírus.
As espécies se diferenciam daquelas encontradas mais frequentemente em ambientes urbanos por serem de pequeno porte e por viverem nas proximidades de plantações, principalmente de grãos.
O aumento excessivo desses animais pode causar danos significativos, como a destruição de plantações, contaminação de grãos armazenados e espalhamento de doenças, principalmente a transmitida pelo hantavírus.
Como os roedores são mais encontrados em meio a ambientes de plantações, moradores de áreas rurais, pessoas que trabalham em atividades agropecuárias ou de reflorestamento devem ter uma atenção especial à doença.
Como acontece a transmissão da Hantavirose?
O hantavírus é uma doença causada por um vírus de RNA, pertencente à família Hantaviridae e gênero Orthohantavirus.
A infecção humana ocorre principalmente pela inalação de aerossóis (partículas suspensas em forma de poeira), que são gerados e permanecem no ar em locais onde há presença de urina, fezes e saliva de roedores infectados.
Outras formas de transmissão da hantavirose são lesões na pele ou mordidas de roedores e contato do vírus com os olhos, boca ou nariz através das mãos contaminadas com fluidos eliminados pelos animais.
De acordo com relatório do Ministério da Saúde, dos 39 casos da doença registrados no país em 2022, 26 deles ocorreram na região Sul.
Um fenômeno conhecido como “ratada”, caracterizado pelo aumento do número de ratos silvestres de uma determinada área, gerando superpopulação, foi observado no estado de Santa Catarina e pode ter motivado a maior quantidade de casos na região.
De acordo com o Ministério, isso ocorre principalmente durante a floração de determinadas espécies de bambus, conhecidos popularmente como taquaras, a cada 10, 20 ou mais anos.
Em Santa Catarina, segundo os dados de 2022, foram 13 casos confirmados e três óbitos pela doença. O total de óbitos no Brasil chegou a 16.
Quais são os sintomas da hantavirose?
A partir do contato com o vírus, cerca de uma a cinco semanas em média, os pacientes podem começar a apresentar sinais da doença. Na fase inicial, os principais sintomas do hantavírus são:
- febre;
- náuseas;
- dor de cabeça;
- febre e vômito;
- dor nas articulações;
- dores lombar e abdominal.
Com a evolução do vírus, os pacientes podem desenvolver uma síndrome cardiopulmonar, com falta de ar, respiração e batimentos cardíacos acelerados, assim como tosse e queda de pressão.
Nessa fase, também é possível surgir inchaço pulmonar, com riscos de insuficiência respiratória aguda e choque circulatório.
Diante de sinais e sintomas sugestivos da doença, o Ministério da Saúde recomenda buscar atendimento médico.
Como é feito o diagnóstico da Hantavirose?
O diagnóstico é feito por sorologia em exames laboratoriais disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde disponibiliza os kits necessários para testes sorológicos.

O método mais comum detecta anticorpos específicos contra o hantavírus em fragmentos de órgãos. Já o diagnóstico molecular (RT-PCR) permite identificar o vírus e seu genótipo, sendo considerado exame complementar para fins de pesquisa.
A coleta de amostra deve ser feita logo após a suspeita do diagnóstico, uma vez que o aparecimento de anticorpos do tipo IgM ocorre de forma concomitante ao início dos sintomas e permanece na circulação até cerca de 60 dias.
Quando em amostra única não for possível definir o diagnóstico, deve-se repetir a coleta e realizar uma segunda sorologia somente nas situações em que o paciente apresentar manifestações clínicas fortemente compatíveis com a síndrome cardiopulmonar.
Caso a primeira amostra tenha sido coletada nos primeiros dias da doença, a sorologia também pode ser repetida.
Exames de diagnóstico diferencial podem ser realizados, devido aos sintomas semelhantes do hantavírus aos de outras doenças como:
- Covid-19;
- septicemia;
- leptospirose;
- síndromes gripais;
- pneumonia atípica;
- doenças respiratórias;
- dengue e febre hemorrágica de agravos virais.
Qual é o tratamento para Hantavirose?
Não existe um tratamento de hantavirose desenvolvido especialmente para a doença. Na ausência de medicação específica, os cuidados são feitos de forma personalizada com o objetivo de aliviar os sintomas.
A partir do diagnóstico precoce, o processo de recuperação costuma apresentar melhores resultados e evita o agravamento dos sintomas.
No entanto, por se tratar de uma doença aguda e de rápida evolução, o hantavírus é de notificação compulsória imediata.
Os casos devem ser comunicados em até 24 horas para as secretarias municipais e estaduais de Saúde, bem como para o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS).
Como prevenir a Hantavirose?
A prevenção do hantavírus baseia-se na utilização de práticas que impeçam o contato humano com os roedores silvestres, além de fezes, urina e saliva dos animais.
As medidas de controle incluem ações como:
- manter alimentos estocados em recipientes fechados e à prova de roedores;
- abrir locais fechados por muito tempo antes de adentrá-los;
- capinar o terreno em volta de casas em áreas rurais;
- manter condições adequadas de saneamento;
- dar destino adequado aos entulhos existentes;
- práticas de higiene no manejo ambiental.
O ministério recomenda evitar a manipulação dos roedores, mesmo mortos. Em caso de necessidade, deve-se usar luvas de borracha e lavar as mãos logo em seguida.
Evitar varrer ou espanar locais que possam ter a presença de roedores também é uma medida preventiva, uma vez que impede a disseminação das partículas virais provenientes das secreções animais.
Nestes casos, o ideal é fazer a limpeza com panos úmidos e desinfetantes.
Após o aumento de casos em 2022 gerar um alerta sobre o hantavírus em Santa Catarina, os órgãos públicos também desenvolveram iniciativas para controlar a doença na região.
O Ministério da Saúde afirmou que apoia, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Secretaria de Saúde do Paraná, a Secretaria de Saúde de Santa Catarina nas ações de vigilância epidemiológica e captura de roedores silvestres.
A ação tem como objetivo identificar corretamente os roedores envolvidos e verificar a positividade com relação ao hantavírus.
Dessa forma, é possível propiciar melhor compreensão do ciclo silvestre do hantavírus na região, auxiliando no monitoramento e prevenção, além de ampliar o número de profissionais capacitados para lidar com a doença.
Situação epidemiológica da Hantavirose no Brasil

Dados do Ministério da Saúde, divulgados no relatório “Situação Epidemiológica de Hantavirose“, mostram um número maior de casos em 2022, se comparado a 2021, quando foram registrados 27 confirmações e seis óbitos.
No entanto, é possível observar uma diminuição em relação a anos anteriores.
Durante o acompanhamento da doença no país, que teve início em 2000, a maior incidência de casos registrada pelo Ministério ocorreu em 2006 – foram 206 confirmações e 71 óbitos pela doença.
A pesquisa foi realizada em parceria com o Grupo Técnico de Doenças Relacionadas a Roedores (GT-Roedores), a coordenação-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial (CGZV) e o Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis (DEIDT).
O relatório também indicou que os principais sintomas registrados para a doença são febre, falta de ar e dor de cabeça, além de tosse seca.
Ações de monitoramento e de prevenção, como as realizadas em Santa Catarina, são importantes para manter o controle da doença.
Neste contexto, a comunicação dos casos aos órgãos responsáveis também torna-se fundamental.
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