Pesquisa mostra que superestimulação neuronal inibe o crescimento de tumores
Descoberta feita por neurocientistas da Universidade Federal de Minas Gerais pode auxiliar no tratamento de câncer de pele

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que a superativação de neurônios sensoriais inibe o crescimento de tumores. A descoberta foi feita através de técnicas quimiogenéticas, que são capazes de modificar a sequência do DNA, e podem auxiliar no tratamento de câncer de pele.
Os nervos sensoriais são responsáveis pelas funções involuntárias do corpo, como a respiração e os batimentos cardíacos. No estudo, uma técnica desenvolvida pelos neurocientistas permitiu manipular o sistema nervoso e reduzir a progressão do melanoma, o tipo mais grave de câncer de pele.
Segundo o professor Alexander Birbrair, que lidera a pesquisa, a superestimulação desses neurônios induz a diminuição de vasos sanguíneos nos tumores, o que inibe seu crescimento.
A descoberta, publicada em revista científica no dia 16 de novembro, também chama a atenção para a importância de se conhecer o microambiente tumoral e a necessidade de preservar os nervos sensoriais em pacientes que fazem tratamentos quimioterápicos para combater o câncer.
“Infelizmente os atuais tratamentos de quimioterapia são muito tóxicos, pois, além das células cancerígenas, matam as células saudáveis do organismo, especialmente do sangue e da pele”, explica o professor. A descoberta pode representar uma alternativa menos invasiva e tóxica aos tratamentos atuais contra o câncer.
O grupo de cientistas também é formado por pesquisadores do Hospital Sírio-Libanês, da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), da Universidade Federal de Goiás (UFG) e por colaboradores internacionais.
O grupo é financiado pelo Instituto Serrapilheira e tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Agora eles vão buscar explorar a função desses neurônios em outros tipos de câncer, como de mama, próstata e pulmão.
*Sob supervisão de Giulia Alecrim