Quais são os primeiros sintomas da mpox no organismo? Infectologista explica
Alexandre Naime, da Sociedade Brasileira de Infectologia, detalha evolução da doença e alerta para importância da vacinação global
O coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime, esclareceu os principais aspectos da Mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, em entrevista à CNN neste domingo (25). O especialista detalhou os sintomas iniciais, a evolução da doença e os mecanismos de transmissão.
De acordo com Naime, os primeiros sinais da mpox são inespecíficos e podem ser confundidos com outras doenças virais. ‘Nos primeiros dias, primeiro, segundo dia, ela tem sintomas incaracterísticos, sintomas absolutamente genéricos, como febre, dor no corpo, pode acontecer até mesmo irritação na garganta‘, explicou o médico.
Lesões características da doença
O infectologista ressaltou que as lesões de pele são o principal sinal característico da Mpox. ‘Na sequência, começam a aparecer as lesões de pele. Lesões essas que se assemelham a pequenas bolhas, que a gente chama de vesículas, que acabam por confluir, acabam se juntando, formando erosões, erupções, que a gente chama de feridas, e depois crostas’, detalhou Naime.
O período de evolução da doença pode variar de 7 a 28 dias, segundo o especialista. Ele alertou que, em pessoas imunocompetentes, a Mpox geralmente apresenta um curso benigno. No entanto, em indivíduos imunossuprimidos, especialmente aqueles com HIV em estágio avançado, o vírus pode se disseminar e causar complicações graves, como pneumonia e infecções cerebrais, podendo levar a óbito.
Formas de transmissão
Naime enfatizou que a principal forma de transmissão da mpox é por contato direto, pele a pele. ‘A mpox é uma doença que tem, na grande, na imensa maioria dos casos, transmissão de contato, pele a pele, por exemplo, principalmente em atividades sexuais’, afirmou. O médico também mencionou que contatos físicos próximos e prolongados, como abraços, podem propiciar a transmissão.
Além disso, o especialista alertou para a possibilidade de transmissão por gotículas respiratórias em ambientes fechados, especialmente nos primeiros dias de sintomas. No entanto, ressaltou que este não é o mecanismo principal de contágio.
Importância da vacinação global
O infectologista aproveitou para fazer uma reflexão sobre a importância de ações globais de saúde pública. Ele destacou que a mpox, descrita pela primeira vez em 1970, poderia ter sido melhor controlada se houvesse um esforço internacional para vacinar as populações mais suscetíveis na África Central, onde a doença é endêmica.
‘Se nós tivéssemos olhado para trás, e veja bem, a mpox é uma doença que foi descrita em 1970, essa vacina que nós estamos discutindo tem apenas um fabricante internacional dinamarquês, se houvesse um esforço para que a África fosse vacinada e as pessoas que são mais suscetíveis tivessem já protegidas naquela região, nós não estaríamos falando em um novo surto em 2024’, concluiu Naime, ressaltando a interconexão global em questões de saúde pública.
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