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    Startup quer usar IA em elefantes órfãos de Botsuana para retorno do mamute

    Empresa quer criar um híbrido elefante-mamute asiático geneticamente modificado utilizando base de dados e conhecimento de organização que cuida e monitora de elefantes órfãos na África

    Tom Pageda CNN

    O mamute lanoso já não anda mais na Terra há 4 mil anos. Extinto no final da última era glacial, o animal faz parte de um grupo de espécies extintas que continuam a inspirar os biólogos, e a startup de biotecnologia americana Colossal – a autoproclamada “empresa de desextinção” – está de olho em revivê-lo.

    O plano audacioso da Colossal envolve a criação de um híbrido elefante-mamute asiático geneticamente modificado e, em seguida, introduzi-lo na tundra ártica. O projeto recebeu milhões de dólares em apoio e tem sido visto com curiosidade e um certo ceticismo científico.

    Para a Colossal ter sucesso, deve superar muitos obstáculos, incluindo criar a sequência genética do animal, fertilizar com sucesso um óvulo e cultivá-lo até o fim. Mas o nascimento é apenas o começo.

    Como esses animais viverão na natureza é uma questão que levará uma vida inteira ou mais para ser respondida, e a Colossal está procurando ajuda em outros animais – incluindo um grupo de elefantes em Botsuana.

    A startup firmou uma colaboração com a Elephant Havens, uma fundação de vida selvagem com sede no Delta do Okavango que cuida de elefantes órfãos.

    Fundada em 2017, a Elephant Havens fará parceria com a Colossal em uma extensa operação de coleta de dados, usando inteligência artificial (IA) para analisar o comportamento dos animais e combiná-lo com dados genômicos de cada elefante.

    “Seremos capazes de misturar a arte dos tratadores de elefantes com a ciência de hoje”, argumenta Matt James, diretor de animais da Colossal.

    As descobertas, esperam as organizações, podem fornecer um plano para liberar os elefantes na natureza e os híbridos de mamute na tundra.

    Um novo sistema para monitoramento de elefantes

    A cofundadora da Elephant Havens, Debra Stevens, disse que “de nove vezes em 10”, os elefantes em Botsuana ficam órfãos devido ao conflito entre humanos e animais selvagens. Muitos dos órfãos da fundação ficaram assim por causa dos incêndios.

    “O rebanho se separará e eles perderão seus bebês”, explicou ela. “É sempre trágico testemunhar isso, porque eles querem desesperadamente encontrar suas mães, então tentamos nos tornar mães para eles”.

    Elefantes órfãos cuidados pela Elephant Havens em Botsuana / Colossal

    Reintroduzir elefantes na natureza é difícil. As hierarquias sociais são complexas e apresentar um órfão a um rebanho selvagem não é uma boa ideia, diz Stevens. Mas sem uma unidade familiar, elefantes órfãos foram vistos morrendo por causa do luto.

    Mesmo quando os elefantes são reintroduzidos como um grupo, eles nem sempre se divertem com sua independência, acrescenta ela, e têm o hábito de encontrar o caminho de volta ao local onde foram criados em cativeiro.

    A Elephant Havens está envolvida em um projeto de reintrodução de longo prazo, no qual os órfãos são “libertados suavemente” em um local cercado de mil acres por cinco anos, onde gradualmente aprendem a sobreviver sem intervenção humana.

    Sete elefantes jovens, incluindo uma matriarca e um macho, vivem atualmente na área de soltura gradual, enquanto sete elefantes mais jovens são cuidados em um orfanato e serão transferidos para o recinto em uma data posterior. Depois de cinco anos no recinto, a Elephant Havens reintroduzirá esses rebanhos unidos na natureza e monitorará seu progresso por uma década.

    A Colossal está procurando aproveitar o conhecimento dos especialistas da Elephant Havens e combiná-lo com modelagem de inteligência artificial e dados genéticos para aprender mais sobre os elefantes. “Estamos olhando para isso da perspectiva de como trabalharíamos com mamutes lanosos reintroduzidos”, explicou James.

    “Temos que olhar para unidades familiares soltas e sem mãe. Vamos construir essas unidades familiares, e então elas serão criadas lado a lado para criar a primeira geração de mamutes. É uma situação muito semelhante à que Debra e a equipe de Botsuana enfrentam quando recebem os órfãos”.

    A equipe da Colossal Biosciences em Elephant Havens, na África. Da esquerda para a direita: Steve Metzler, Matt James, Dra. Wendy Kiso / Colossal

    James disse que as câmeras estacionárias gravarão vídeos, que serão analisados pelos manipuladores e transformados em pontos de dados para ensinar uma IA (Inteligência Artificial) a entender os comportamentos sociais dos elefantes – modelos de liderança, por exemplo.

    “Muitas pessoas estudaram o comportamento dos elefantes, mas colocá-lo em um sistema como este nunca foi feito antes”, disse James. “Quanto mais dados você coloca nesses sistemas, mais fortes essas correlações se tornam, mais ele entende o comportamento dos elefantes”, acrescentou.

    Em busca do conhecimento genético

    Ben Lamm, fundador da Colossal, disse que a inteligência artificial tem um papel a desempenhar na pesquisa com animais.

    “Algumas dessas tecnologias que tomamos como certas na América corporativa ou na defesa podem ser aplicadas diretamente e ter um impacto significativo na conservação”, disse ele. “Essas ferramentas não estão nas mãos das pessoas que realmente precisam delas”.

    Lamm acrescentou que a Colossal também está trabalhando para sequenciar os genomas dos órfãos da Elephant Havens, que serão emparelhados com suas descobertas baseadas em IA, permitindo que seus genes sejam comparados com suas características à medida que crescem.

    O conflito entre humanos e animais selvagens é a principal causa de órfãos de elefantes em Botsuana, diz a fundadora da Elephant Havens, Debra Stevens / Colossal

    Stevens explicou que as informações podem ser usadas para entender quais características podem ser transmitidas por elefantes individualmente.

    Toda essa pesquisa está sendo filtrada para o trabalho da Colossal na construção do genoma de seu híbrido mamute-elefante. Lamm disse que a empresa analisou 54 genes de mamute, identificando aqueles que expressam tolerância ao frio e pelagem desgrenhada, e uma equipe agora está editando 20 genes em uma célula de elefante asiático.

    A Colossal também está nos estágios iniciais de desenvolvimento da captação de óvulos em elefantes – extraindo óvulos não fertilizados chamados oócitos do ovário – um estágio fundamental para a criação de um embrião.

    A empresa espera que os avanços científicos em seus esforços para criar um híbrido possam ser usados por outros em esforços de conservação animal. “Todas as tecnologias que desenvolvemos em nosso caminho para a extinção, queremos experimentá-las com parceiros, e dar a eles gratuitamente e subsidiar a implementação delas”, acrescentou Lamm.

    “Esperamos que nos próximos cinco a 10 anos, a Colossal possa mostrar uma diferença significativa na conservação dos elefantes”.

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