Bebida adulterada: veja cuidados que bares e clientes devem ter
Após casos de intoxicação com metanol, entidades orientam como bares, restaurantes e consumidores podem se proteger

O estado de São Paulo segue em alerta em relação aos casos confirmados e suspeitos por intoxicação por metanol. Todas as ocorrências estão relacionadas à ingestão de bebida alcoólica adulterada.
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) emitiu uma nota com orientações de como bares e restaurantes podem se proteger de bebidas falsificadas, o que chamam de uma "prática criminosa que ameaça a saúde dos consumidores, prejudica a credibilidade dos bares e restaurantes e gera prejuízos econômicos para o setor".
A associação afirma que a falsificação acontece, principalmente, em produtos de alto valor agregado, como uísques, cachaças e outros destilados. Para evitar esse cenário, bares e restaurantes podem seguir uma série de cuidados. Entre as recomendações, estão:
- Compra apenas de fornecedores confiáveis: é necessário priorizar distribuidores legalizados e reconhecidos. Além disso, o ideal é "evitar compras de comerciantes ou fornecedores sem histórico sólido" e tomar cuidado, principalmente, com preços muito abaixo do mercado, o que pode ser um indicativo de adulteração. Solicite também nota fiscal;
- Descarte seguro das embalagens: a Abrasel diz que garrafas vazias devem ser quebradas antes do descarte para se tornarem inutilizáveis. Isso evita a reutilização e a falsificação dos produtos;
- Fiscalização governamental é fundamental: o órgão ainda afirma que é necessário haver uma intensificação da fiscalização governamental, "com operações de força-tarefa voltadas à origem da falsificação, principalmente no comércio irregular".
Gabriel Pinheiro, diretor da Abrasel-SP, explica que os falsificadores de bebidas "utilizam garrafas e selos originais, o que torna quase impossível identificar a fraude apenas pela análise visual".
"Por isso, a atuação das autoridades precisa se concentrar em barrar a produção e distribuição antes que esses produtos cheguem ao mercado”, complementa.
Como o consumidor pode se proteger?
O advogado Stefano Ribeiro Ferri, especialista em direito do consumidor e assessor da 6ª Turma do Tribunal de Ética da OAB/SP, orienta o público a evitar a compra de bebidas de procedência duvidosa.
"Especialmente em vendas on-line ou informais. Confira lote, selo de autenticidade e siga os alertas de órgãos como Anvisa, Procon e Vigilância Sanitária. Nesse momento, prudência é fundamental”, diz.
O MJSP (Ministério de Justiça e Segurança Pública) emitiu uma nota técnica com protocolos de segurança e recomendação diante das intoxicações por metanol. O documento recomenda atenção a itens com lacres tortos, erros evidentes de impressão e preços atipicamente baixos. O texto também alerta que devem ser tratados como suspeita de adulteração sintomas como visão turva, dor de cabeça e náusea.
"Esses detalhes reduzem muito o risco de receber produtos falsificados. Para o consumidor, alguns sinais ajudam, apesar de não existir diferença perceptível no gosto ou no cheiro entre uma bebida adulterada com metanol ou original", afirma Gabriel Pinheiro.
Os consumidores ainda podem verificar sinais de que o bar ou restaurante é confiável. "Um bar legalizado deixa sinais por toda parte nas placas, nos documentos, no atendimento e até na garrafa. Quando esses sinais somem, o risco aumenta", completa.
Para Pinheiro, os estabelecimentos regulares precisam:
- De placas obrigatórias fixadas, como: "Proibida a venda de bebida alcoólica para menores";
- Ter alvará de funcionamento visível;
- Realizar emissão de nota fiscal;
- Oferecer ambiente limpo e organizado.
Quais são os sintomas de intoxicação por metanol?
Eliane Gandolfi, coordenadora do núcleo de toxicovigilância do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, disse em entrevista à CNN que os sintomas iniciais podem incluir torpor e sensação de efeito alcoólico muito rápido.
Em casos mais graves, o metanol pode causar comprometimento neurológico, perda de visão e, se não houver atendimento rápido, danos permanentes. Os sintomas da intoxicação por metanol podem variar conforme a quantidade ingerida, mas os primeiros sinais costumam surgir algumas horas após o consumo.
"Quanto mais rápido o atendimento e a administração do antídoto, menores os efeitos complexos e difíceis a pessoa terá", completa. Cuidados e sinais de intoxicação foram reforçados pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (30).
Caso os consumidores manifestem estes sintomas, a recomendação do MJSP é que os estabelecimentos encaminhem para atendimento médico urgente e acionem o Disque-Intoxicação, que atende pelo número 0800-722-6001.
Também é indicado comunicar a Vigilância Sanitária local, bem como a Polícia Civil, o Procon e, se for o caso, o Ministério da Agricultura e Pecuária.
*Com informações de Thomaz Coelho, colaboração para a CNN, em São Paulo, e de Carol Raciunas, da CNN