Design: 5 destinos para viajar pela arquitetura
Viagens são para alimentar a alma. Muito se fala de viagens gastronômicas, mas tem crescido uma tendência – fora o meio profissional ou estudantes – de viagens para apreciar a arquitetura e design local. Edifícios históricos contrastando com construções modernas, cidades inteiras de um estilo emblemático ou jovens designers que têm mudado os rumos do setor com sustentabilidade e muitas outras inovações. Dani Filomeno elegeu cinco lugares onde pode aproveitar uma viagem e ainda fazer um belo turismo arquitetônico
Bilbao, Espanha
Uma cidade do início do século XIV se destaca nos dias atuais. Bilbao, na Espanha, é uma antiga cidade portuária industrial e, atualmente, é referência na mistura do antigo com o contemporâneo. Você consegue observar essas características logo ao desembarcar no aeroporto, com traços modernos que se tornaram referência na arquitetura. A estrutura do novo terminal foi projetada por Santiago Calatrava, o mesmo arquiteto responsável pelo Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Porém, ante disso, foi em 1997 que Bilbao entrou para os holofotes da Europa e do mundo, graças ao Museu Guggeheim, concebido por Frank Gehry. O museu é a casa de diversas obras de arte moderna e contemporânea proeminentes, mas, de fato, o que chama a atenção é o edifício, construído em formato curvilíneo e totalmente revestido com titânio. Além do Guggeheim em si, seus arredores também contribuem com o design interessante da cidade, já que têm diversas obras de arte espalhadas pelas ruas. O destaque vai para o Puppy, um cachorro gigante revestido com flores – referência em delicadeza e manutenção. Fora isso, Bilbao, como boa cidade europeia, ainda tem traços das arquiteturas passadas, como a Catedral de Santiago de Bilbao, construída em estilo gótico ou até mesmo, o Teatro Arriaga, resquício da época neobarroca.
Berlim, Alemanha
Berlim, na Alemanha, foi palco de diversos acontecimentos históricos e, apesar de ter sido fundada no século XIII, reúne incríveis projetos arquitetônicos que podem ser considerados totalmente contemporâneos. O país é o berço de grandes escolas de design e por lá que nasceu a Bauhaus, uma escola alemã, do século XX, que introduziu uma nova forma de arte e arquitetura no mundo e se tornou um dos movimentos mais importantes do design mundial. Sendo assim, caminhar por Berlim é cruzar com monumentos históricos e também apreciar museus modernos, com projetos futuristas, pensados em cada detalhe. E, para amantes de arquitetura – ou não, o Bauhaus Archiv é parada obrigatória.
No museu, consegue-se entender mais sobre essa característica arquitetônica tão marcante e é lá que está o maior acervo de objetos e documentos da Bauhaus, garimpados pelo mundo inteiro. Seu prédio, que abrigou a antiga escola, foi projetado por Walter Gropius, o principal nome do movimento e está escondido em meio às ruas alemãs.
Eindhoven, Holanda
Um pouco desconhecida pelos turistas, principalmente pelos brasileiros, Eindhoven, na Holanda, entrou para o radar mundial com a Philips, já que a marca levou luz para lá há mais de 125 anos. Foi também a grande responsável por configurar o título à Eindhoven de cidade vibrante, tecnológica, inovadora e repleta de design. Com herança industrial, traz o design em seu DNA e é palco da renomadíssima Design Academy Eindhoven e da Dutch Desgin Week, o maior evento de design do norte europeu. É possível observar de pertinho cada ponto que contribui para este título através do tour de bicicleta, que apresenta aos turistas sete lugares totalmente criativos de Eindhoven. E, falando em bicicleta, a cidade – que também tem a tecnologia aflorada – abriga uma ciclovia totalmente interativa. Inspirada na “Noite Estrelada”, obra do pintor Van Gogh, a Ciclo Van Gogh Roosegaarde é feita de luzes de led e foi projetada pelo designer Daan Roosegaarde.
Shenzhen, China
Arranha-céus futuristas e gigantes fazem parte das paisagens asiáticas e assim não é diferente na China, como podemos observar em Hong Kong e Shangai. Mas outro lugar também chama a atenção para este design moderno, que é o caso de Shenzhen, uma cidade que investe em tecnologia, inovação e criação. Atualmente, conta com mais de 100 mil profissionais focados nesta área e você pode observar o sucesso destes trabalhos ao desbravar as ruas. Shenzhen abriga o Vanke Center, prédio conhecido como “o arranha-céu horizontal”, projetado por Steven Holl. O imponente empreendimento une hotel, escritório, spa e apartamentos e foi construído em meio às paisagens naturais de Shenzhen e tem jardins inspirados no artista plástico brasileiro, Roberto Burle Marx. O Vanke Center traz uma referência tropical e sustentável, características do século XXI. Com este potencial que cresce a cada dia, Shenzhen também recebe a Semana de Design de Shenzken, a SZDW, onde os visitantes conhecem as novidades e as próximas tendências do design chinês. O mais interessante é que Shenzhen até 1980 era praticamente um vilarejo. Por ser na fronteira com Hong Kong o Comitê Central do Partido Comunista Chinês determinou a região uma zona econômica especial e abrigou um experimento da prática do capitalismo (sob os ideais do socialismo chinês). Resultado? Em 40 anos se tornou uma cidade com 23,3 milhões de habitantes, com um grande investimento e companhias estrangeiras – até o Google (mesmo nã operando com seu serviço de busca no país) tem um escritório. Para ter uma ideai, a região metropolitana, resultado de junção de algumas cidades, inclusive Hong Kong, tem 108 milhões de habitantes. Impressionante, não?
Copenhague, Dinamarca
Não é novidade para ninguém que a Dinamarca é o país do design. E sua capital, Copenhague, que serve como cidade modelo no quesito desenvolvimento sustentável e mobilidade urbana respira criatividade e inovação. O mais bacana é andar por Copenhague a pé ou de bicicleta, como um local, e perceber como a arquitetura e a concepção do espaço público interferem na qualidade de vida da população – considerada uma das mais felizes do mundo. Caminhe pela região de Indre By, o coração histórico, geográfico e político da capital, com construções mais antigas, com arquitetura aristocrática dos reis dinamarqueses e da sua nobreza.
Depois analise o forte contraste do antigo e do novo caminhando pelo Centro de Arquitetura da Dinamarca (DAC), um prédio ultramoderno com infinitas possibilidades de uso, como espaço para exposições, escritórios, café, livraria, apartamentos e até um estacionamento público, assim como o Copenhagen Opera House, um dos mais modernos espaços dedicados à ópera e ballet do mundo, projeto do arquiteto Henning Larsen com designers renomados como Per Kirkeby e Olafur Eliasson, com mais de 40 mil metros quadrados distribuídos ao longo de quatorze andares – cinco deles subterrâneos e que, curiosamente, está situada justo em frente ao Palácio de Amalienborg, na margem oposta do canal. Definitivamente, uma das cidades mais incríveis para amantes do design. Quase obrigatório aproveitar para explorar a gastronomia local que é uma das mais icônicas do mundo, capitaneado pelo Noma 2.0, reaberto recentemente.