Fernando Nakagawa
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Fernando Nakagawa

Repórter econômico desde 2000. Ex-Estadão, Folha de S.Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Paulistano, mas já morou em Brasília, Londres e Madri

O otimismo exagerado do Brasil e os aplausos ao G20 sem comunicado em SP

Presidência brasileira esperava separar geopolítica da economia, e que países estivessem mais abertos a discutir imposto para bilionários

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante encerramento do G20 financeiro, em São Paulo  • Diogo Zacarias/MF
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Fernando Haddad reconheceu que o Brasil estava demasiadamente otimista em dois temas para a reunião financeira do G20. Com a frustração dessas duas expectativas, a presidência brasileira do grupo deixa o Pavilhão da Bienal sem um comunicado no primeiro encontro econômico.

O ministro da Fazenda nega frustração e promete trabalhar para os consensos. “Vamos trabalhar mais duro”.

O primeiro otimismo demasiado do Brasil estava na aposta de que seria possível discutir a economia sem pensar na geopolítica.

“Havíamos nutrido a esperança de que temas mais sensíveis à geopolítica fossem debatidos exclusivamente no grupo diplomático, entre os sherpas. Imaginávamos que essa divisão poderia acontecer”, reconheceu Haddad em entrevista coletiva após o encontro.

Sem conseguir apartar os dois temas, o impasse geopolítico visto na semana passada no Rio de Janeiro — onde os diplomatas se reuniram — pegou a ponte-aérea e desembarcou na capital paulista.

“Não houve consenso no Rio e isso acabou contaminando a discussão em São Paulo”, disse o ministro da Fazenda.

Outro otimismo demasiado foi visto na principal discussão econômica proposta pela presidência brasileira: a taxação dos bilionários.

“Talvez o Brasil tenha sido o mais otimista dos países com relação a isso”, disse o ministro.

Haddad explicou que alguns dos países do grupo preferem concluir negociações nas outras duas frentes relacionadas aos impostos e que já estão em curso: a taxação de empresas de tecnologia e das grandes corporações.

“Uma parte quer focar (nisso) antes de abrir uma nova frente”, disse. “Mas esperamos que no fim do ano (esses assuntos) estarão concluídos”, completou o ministro.

Antes de deixar o prédio da Bienal, Haddad foi questionado se estava frustrado. “A reunião foi um sucesso com todo mundo aplaudindo. O resultado da reunião foi apoteótico”, respondeu antes de deixar a sala de imprensa.

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