O otimismo exagerado do Brasil e os aplausos ao G20 sem comunicado em SP
Presidência brasileira esperava separar geopolítica da economia, e que países estivessem mais abertos a discutir imposto para bilionários

Fernando Haddad reconheceu que o Brasil estava demasiadamente otimista em dois temas para a reunião financeira do G20. Com a frustração dessas duas expectativas, a presidência brasileira do grupo deixa o Pavilhão da Bienal sem um comunicado no primeiro encontro econômico.
O ministro da Fazenda nega frustração e promete trabalhar para os consensos. “Vamos trabalhar mais duro”.
O primeiro otimismo demasiado do Brasil estava na aposta de que seria possível discutir a economia sem pensar na geopolítica.
“Havíamos nutrido a esperança de que temas mais sensíveis à geopolítica fossem debatidos exclusivamente no grupo diplomático, entre os sherpas. Imaginávamos que essa divisão poderia acontecer”, reconheceu Haddad em entrevista coletiva após o encontro.
Sem conseguir apartar os dois temas, o impasse geopolítico visto na semana passada no Rio de Janeiro — onde os diplomatas se reuniram — pegou a ponte-aérea e desembarcou na capital paulista.
“Não houve consenso no Rio e isso acabou contaminando a discussão em São Paulo”, disse o ministro da Fazenda.
Outro otimismo demasiado foi visto na principal discussão econômica proposta pela presidência brasileira: a taxação dos bilionários.
“Talvez o Brasil tenha sido o mais otimista dos países com relação a isso”, disse o ministro.
Haddad explicou que alguns dos países do grupo preferem concluir negociações nas outras duas frentes relacionadas aos impostos e que já estão em curso: a taxação de empresas de tecnologia e das grandes corporações.
“Uma parte quer focar (nisso) antes de abrir uma nova frente”, disse. “Mas esperamos que no fim do ano (esses assuntos) estarão concluídos”, completou o ministro.
Antes de deixar o prédio da Bienal, Haddad foi questionado se estava frustrado. “A reunião foi um sucesso com todo mundo aplaudindo. O resultado da reunião foi apoteótico”, respondeu antes de deixar a sala de imprensa.