COP30: Governo lança terceira edição do programa Eco Invest Brasil
Leilão do Tesouro Nacional mira R$ 75 bi em investimentos verdes e propõe novos instrumentos para reduzir riscos e acelerar a transição
Nesta semana voltei ao CNN Prime Time para falar sobre uma das iniciativas mais importantes da agenda climática brasileira rumo à COP30: o Eco Invest Brasil, uma iniciativa do Ministério da Fazenda e do Tesouro Nacional para atrair investimentos privados com a finalidade de financiar a transição ecológica.
Estamos a poucas semanas da COP30 e, como costumo dizer, esta precisa ser a COP da implementação. E para implementar, é preciso financiamento real, com instrumentos capazes de reduzir riscos e atrair investidores — especialmente para projetos de alto impacto, mas também de alto custo.
R$ 75 bilhões já mobilizados
O Eco Invest é parte do Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica, e combina instrumentos de blended finance, proteção cambial e capital catalítico para destravar investimentos privados, nacionais e internacionais.

As duas primeiras edições do programa já mobilizaram R$ 75 bilhões, sendo R$ 46 bilhões de capital externo:
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Eco Invest #01 (Out/2024): formato de dívida para projetos alinhados ao Plano de Transformação Ecológica, com R$ 45 bilhões em investimentos e alavancagem financeira de 6,5x;
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Eco Invest #02 (Abr/2025): foco em recuperação de pastagens degradadas, mobilizando R$ 30,2 bilhões e com potencial para recuperar 1,4 milhão de hectares.
Um novo modelo de leilão
Agora, o governo lançou o terceiro leilão do Eco Invest Brasil, que traz uma inovação importante: ele passa a incluir instrumentos de mitigação de risco para investimentos em empresas e projetos de inovação tecnológica no formato de equity — ou seja, participação direta no capital das companhias.
Esse modelo reduz o custo do capital e atrai investidores de longo prazo. O Tesouro entra com recursos catalíticos (a 1% ao ano), enquanto os bancos comerciais repassam os investimentos a até 5%, com alavancagem mínima de 3 para 1: a cada real do Eco Invest, são esperados R$ 3 de capital privado adicional.
Além disso, o programa introduz duas novas frentes de mitigação:
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Risco cambial, para atrair investidores estrangeiros;
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Risco de performance, com uma tranche de capital catalítico que protege investimentos em inovação.
O fechamento do leilão está previsto para 19 de novembro, durante a COP30 em Belém — o que reforça o simbolismo de fazer do evento um marco de transformação econômica e climática.
Setores e oportunidades
O novo leilão prioriza quatro setores estratégicos:
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Transição energética: hidrogênio de baixa emissão, biogás e biometano, combustíveis sustentáveis (SAF), veículos elétricos e minerais críticos;
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Infraestrutura verde para adaptação: tecnologias de construção sustentável e monitoramento climático;
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Bioeconomia: bioinsumos, biofertilizantes, fármacos e cosméticos da biodiversidade;
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Economia circular: reciclagem de baterias, gestão de resíduos e novos materiais biodegradáveis.
É fundamental que bancos, fundos de investimento e empresas se mobilizem desde já. Os bancos comerciais devem participar dos lances de alavancagem; os fundos de private equity e venture capital podem criar veículos específicos alinhados a essas cadeias; e as startups e empresas de base tecnológica devem apresentar seus projetos, construindo um pipeline robusto de soluções verdes.
Olhando para a Pré-COP
Antes da COP30, Brasília sediará a Pré-COP entre a próxima segunda-feira (13) e quarta-feira (15), quando a presidência da conferência — liderada por André Corrêa do Lago — deve consolidar consensos sobre financiamento climático, mercados de carbono e planos nacionais de descarbonização (NDCs).
Durante a agenda paralela, iniciativas como o Summit de Empregos e Habilidades do Futuro, liderado pelo SEBRAE e pela SB COP, e o evento do Instituto Clima e Sociedade (iCS) sobre financiamento para adaptação, vão reforçar o papel do setor privado e da sociedade civil como coautores da transição ecológica.
Expectativas e próximos passos
Como comentei no CNN Prime Time, “estamos mais otimistas e com a expectativa muito alta para que esses recursos virem realidade”. O Eco Invest representa exatamente esse movimento: transformar ambição em ação, e compromissos em investimentos concretos.
É um exemplo de como o Brasil está construindo instrumentos financeiros inovadores e escaláveis, capazes de alinhar crescimento econômico, segurança climática e justiça social.
Com essa energia seguimos rumo à COP30 — com o Brasil mostrando que é possível liderar o futuro verde com responsabilidade e visão de longo prazo.



