Análise: Emprego segue forte, mas já dá sinais de perda de ritmo
Dados do Caged revelam criação de 147,3 mil vagas formais em agosto, com impactos do tarifaço em setores específicos e menor número de dias úteis no mês; análise é de Thais Herédia ao CNN Money
O mercado de trabalho brasileiro apresenta os primeiros sinais de desaceleração, embora mantenha um ritmo positivo na geração de empregos. Em agosto, foram criadas 147,3 mil vagas formais, um resultado abaixo do esperado, que reflete tanto fatores conjunturais quanto estruturais da economia. A análise é de Thais Herédia ao CNN Money.
Entre os fatores que influenciaram o resultado mais modesto, destaca-se o impacto do tarifaço em setores específicos. A subclasse de cultivo de café registrou perda de mais de 10 mil postos de trabalho, uma diferença significativa em relação ao mesmo período do ano anterior. O setor madeireiro também foi afetado, especialmente nas áreas de serraria e indústria, evidenciando os efeitos das tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump.
Peculiaridades do período
Outro fator relevante para o resultado foi o menor número de dias úteis em agosto deste ano, que teve um dia a menos em comparação com 2024 e dois dias a menos em relação a 2023. Esta diferença impacta significativamente os números, considerando que diariamente ocorrem milhares de admissões e demissões no país.
Um dado histórico chama atenção no cenário atual: pela primeira vez, o Brasil registra taxa de desemprego e inflação em patamares similares, com a PNAD em 5,6% e o IPCA em 5,3%. Esta situação evidencia a força do mercado de trabalho brasileiro, que apresenta características de pleno emprego, com salários pressionados e dificuldades no preenchimento de vagas qualificadas.
O mercado de trabalho também passa por transformações estruturais significativas. Nos últimos dez anos, enquanto a população ocupada cresceu 10%, o contingente de trabalhadores em aplicativos aumentou 170%. Além disso, mudanças regulatórias têm incentivado a formalização do emprego, contribuindo para a força do mercado de trabalho brasileiro.