Análise: Tarifaço exige ainda mais cautela do BC
Diretor de Política Monetária do BC enfatiza necessidade de convencimento sobre nível restritivo suficiente para levar inflação à meta
O mercado financeiro recebeu novos sinais de cautela do Banco Central brasileiro após interpretações consideradas muito otimistas sobre possíveis cortes na taxa de juros. O diretor de Política Monetária da instituição reforçou que é necessário estar convencido de que o nível é suficientemente restritivo para levar a inflação à meta.
A manifestação ocorre após a divulgação da ata do Copom, que foi interpretada por parte dos economistas como tendo um viés mais "dovish", sugerindo uma possível propensão para redução dos juros em um futuro não tão distante. O BC, no entanto, fez questão de esclarecer que não houve uma pausa, mas sim uma interrupção, e que não hesitará em elevar os juros novamente caso haja um repique inflacionário.
A movimentação do mercado brasileiro tem sido influenciada principalmente pelo cenário externo. O "tarifaço" implementado por Donald Trump já foi precificado pelos mercados, e a expectativa de que o Federal Reserve realizará ao menos dois cortes nas taxas de juros este ano tem ganhado força com os dados recentes da economia americana.
O Brasil se destaca entre os países emergentes por apresentar o maior juro real do mundo em uma economia funcionalmente estável, com crescimento econômico e desemprego em queda. Essa combinação torna o país atrativo para o capital internacional, especialmente em um cenário de possível redução de juros nos Estados Unidos.
Federal Reserve
As projeções do mercado indicam 93,1% de probabilidade de um corte de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Fed. A nomeação de um novo membro para a diretoria do banco central americano adiciona um elemento de incerteza ao cenário, embora mudanças significativas na condução da política monetária não sejam esperadas no curto prazo.