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    Dívida pública global deve ultrapassar US$ 100 tri este ano, diz FMI

    O relatório Monitor Fiscal do FMI mostrou que a dívida pública global atingirá 93% do Produto Interno Bruto (PIB) global até o final de 2024 e se aproximará de 100% até 2030

    Reuters

    A dívida pública global deve ultrapassar US$ 100 trilhões este ano pela primeira vez e poderá subir mais rapidamente do que o previsto, uma vez que o atual cenário político favorece o aumento dos gastos e o crescimento lento amplia as necessidades e os custos dos empréstimos, informou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (15).

    O relatório Monitor Fiscal do FMI mostrou que a dívida pública global atingirá 93% do Produto Interno Bruto (PIB) global até o final de 2024 e se aproximará de 100% até 2030. Isso ultrapassaria seu pico de 99% durante a pandemia da Covid-19.

    Também aumentaria 10 pontos percentuais em relação a 2019, antes de a pandemia explodir os gastos governamentais.

    Divulgado uma semana antes de o FMI e o Banco Mundial realizarem suas reuniões anuais em Washington, o Monitor Fiscal disse haver bons motivos para acreditar que os níveis futuros de endividamento poderão ser bem mais altos do que os projetados atualmente, incluindo o desejo de se gastar mais nos Estados Unidos, a maior economia do mundo.

    “A incerteza da política fiscal aumentou, e as linhas vermelhas da política tributária se tornaram mais arraigadas”, disse o FMI no relatório. “As pressões de gastos para lidar com as transições ecológicas, o envelhecimento da população, as preocupações com a segurança e os desafios de desenvolvimento de longa data estão aumentando.”

    Promessas de gastos

    A preocupação do FMI com o aumento dos níveis de endividamento ocorre três semanas antes da eleição presidencial dos EUA, na qual ambos os candidatos têm prometido novas isenções fiscais e gastos que poderiam acrescentar trilhões de dólares ao déficit nacional.

    Os planos de corte de impostos do candidato republicano, Donald Trump, acrescentariam cerca de US$ 7,5 trilhões em novas dívidas ao longo de 10 anos, mais do que o dobro dos US$ 3,5 trilhões acrescentados pelos planos da vice-presidente, Kamala Harris, a candidata democrata, de acordo com as estimativas centrais do Comitê para um Orçamento Federal Responsável (CRFB), um think-tank sobre orçamento.

    O relatório conclui que as projeções de dívida tendem a subestimar os resultados reais por margens consideráveis, com índices de dívida em relação ao PIB realizados cinco anos à frente em média 10% mais altos do que a previsão original.

    Além disso, a dívida poderia aumentar significativamente devido ao crescimento fraco, às condições de financiamento mais apertadas e à maior incerteza das políticas fiscais e monetárias em economias sistemicamente importantes, como os EUA e a China.

    O relatório inclui um “cenário severamente adverso” envolvendo esses fatores que mostra que a dívida pública global poderia chegar a 115% em apenas três anos, 20 pontos percentuais a mais do que o projetado atualmente.

    Freios nos gastos

    O FMI reiterou seu apelo por mais controle fiscal, dizendo que o ambiente atual com crescimento sólido e baixo desemprego é um momento oportuno para isso. Mas disse que os esforços atuais, com uma média de redução da dívida em 1% do PIB durante os seis anos de 2023 a 2029, são insuficientes para diminuir ou estabilizar as dívidas com alta probabilidade.

    Seria necessário um aperto cumulativo de 3,8% para atingir essa meta, mas nos EUA, na China e em outros países onde não há previsão de estabilização do PIB, seria necessário um aperto fiscal substancialmente maior.

    O Fundo disse que os EUA e outros países onde a dívida deve continuar crescendo, incluindo Brasil, Reino Unido, França, Itália e África do Sul, poderão enfrentar consequências onerosas.

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