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Tarifaço: Governo mapeia mercados para redirecionar exportações paulistas

Com relatórios densos e análises setoriais, governo identifica oportunidades para desviar exportações de SP afetadas pelas tarifas de Trump

Gabriel Garcia, da CNN, Brasília
Contêineres no Porto de Santos
Com 12.865 empresas realizando vendas externas em 2024, o estado concentrou 41,5% delas  • 03/04/2025 - REUTERS/Amanda Perobelli
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O governo federal vem trabalhando, desde antes do tarifaço anunciado por Donald Trump, em uma estratégia para diversificar os destinos das exportações brasileiras.

Com a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, o Planalto intensificou o mapeamento e passou a realizar estudos detalhados, com foco estadual.

Técnicos do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) têm produzido levantamentos regionais para apoiar governos estaduais e empresários na busca por alternativas ao impacto das tarifas. A CNN teve acesso ao estudo realizado em agosto.

Os relatórios são densos e específicos: abrangem desde produtos tradicionais, como café e carne bovina, até itens que costumam passar despercebidos, como sebo bovino e óleos essenciais.

São Paulo recebeu atenção especial. Com 12.865 empresas realizando vendas externas em 2024, o estado concentrou 41,5% delas.

Além disso, 19,1% das vendas externas paulistas têm os Estados Unidos como destino — quase o dobro da segunda colocada, a China, que responde por 11,8% das exportações do estado.

Entre os principais produtos enviados de São Paulo aos EUA e que serão afetados pela sobretaxa estão veículos como bulldozers, carregadeiras e dumpers usados para transporte de mercadorias.

No caso dos dumpers, 87% dos veículos produzidos em São Paulo são vendidos ao mercado norte-americano.

Para esse segmento, o governo aponta Canadá, Irlanda e Argentina como alternativas promissoras.

Na Argentina, por exemplo, 21% dos dumpers importados são brasileiros, e 90% desse total têm origem em São Paulo. Recentemente, Brasil e Argentina flexibilizaram regras para o comércio automotivo, o que pode favorecer o setor.

Já no caso dos aviões – que não serão atingidos pela sobretaxa de 50% –, o governo destaca Reino Unido, África do Sul e Luxemburgo como destinos onde o Brasil deve consolidar sua presença.

O estudo também cita o Reino Unido e Filipinas como alternativas para o álcool paulista.

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