Tarifaço: Governo mapeia mercados para redirecionar exportações paulistas
Com relatórios densos e análises setoriais, governo identifica oportunidades para desviar exportações de SP afetadas pelas tarifas de Trump

O governo federal vem trabalhando, desde antes do tarifaço anunciado por Donald Trump, em uma estratégia para diversificar os destinos das exportações brasileiras.
Com a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, o Planalto intensificou o mapeamento e passou a realizar estudos detalhados, com foco estadual.
Técnicos do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) têm produzido levantamentos regionais para apoiar governos estaduais e empresários na busca por alternativas ao impacto das tarifas. A CNN teve acesso ao estudo realizado em agosto.
Os relatórios são densos e específicos: abrangem desde produtos tradicionais, como café e carne bovina, até itens que costumam passar despercebidos, como sebo bovino e óleos essenciais.
São Paulo recebeu atenção especial. Com 12.865 empresas realizando vendas externas em 2024, o estado concentrou 41,5% delas.
Além disso, 19,1% das vendas externas paulistas têm os Estados Unidos como destino — quase o dobro da segunda colocada, a China, que responde por 11,8% das exportações do estado.
Entre os principais produtos enviados de São Paulo aos EUA e que serão afetados pela sobretaxa estão veículos como bulldozers, carregadeiras e dumpers usados para transporte de mercadorias.
No caso dos dumpers, 87% dos veículos produzidos em São Paulo são vendidos ao mercado norte-americano.
Para esse segmento, o governo aponta Canadá, Irlanda e Argentina como alternativas promissoras.
Na Argentina, por exemplo, 21% dos dumpers importados são brasileiros, e 90% desse total têm origem em São Paulo. Recentemente, Brasil e Argentina flexibilizaram regras para o comércio automotivo, o que pode favorecer o setor.
Já no caso dos aviões – que não serão atingidos pela sobretaxa de 50% –, o governo destaca Reino Unido, África do Sul e Luxemburgo como destinos onde o Brasil deve consolidar sua presença.
O estudo também cita o Reino Unido e Filipinas como alternativas para o álcool paulista.