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    À CNN, Fuad Noman prevê duplicar vagas no ensino integral e ampliar horário das creches em BH

    Candidato do PSD a prefeito de Belo Horizonte defendeu nova licitação nos transportes e diminuição de filas para cirurgias eletivas

    Aline Fernandesda CNN , São Paulo

    O atual prefeito de Belo Horizonte e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), prevê duplicar as vagas no ensino integral e ampliar o horário de funcionamento das creches na capital mineira.

    A afirmação foi feita nesta sexta-feira (18), em entrevista conduzida pelos âncoras da CNN Iuri Pitta e Débora Bergamasco, ao lado dos analistas de Política Pedro Venceslau e Renata Varandas.

    O candidato disse: “Hoje, nós temos cerca de 50% dos alunos em tempo integral. Eu quero aumentar isso. Espero, ao final do meu mandato, estar 100%. Mas ainda, ano que vem, nós devemos ter um crescimento de 10%, 15% em função do prazo que essas escolas vão ficar prontas”.

    Ele também defendeu a ampliação do funcionamento nas creches diante da demanda por parte de mães que trabalham em diferentes horários.

    “Eu estou buscando muito uma coisa, que é aumentar o horário para que a mãe trabalhadora possa ter tempo de buscar a criança depois do horário. Eles estão sugerindo para mim também uma espécie de um trabalho parecido com a creche noturna, para que a mãe que trabalha à noite tenha o lugar de deixar sua criança. Isso é um projeto que a gente não tinha pensado e que eu recebi agora, recentemente, uma demanda para a gente fazer isso também. Porque, por exemplo, uma senhora que trabalha no Uber, por exemplo, uma senhora que trabalha no restaurante à noite, uma senhora que trabalha no hospital e que precisa ficar até 22h, 23h da noite. Então, aí tem uma delicadeza que tem que estudar, mas me pareceu uma demanda importante. Então, nós estamos trabalhando para ampliar”, explicou.

    O representante do PSD falou sobre como pretende zerar a fila de espera nas instituições municipais.

    “Outra coisa é aumentar o número de creches de vagas nas creches conveniadas. Hoje nós temos uma demanda muito grande de creches nas periferias. As mães trabalhadoras precisam deixar suas crianças para trabalhar e às vezes não tem lugar. Então, nós estamos abrindo espaço para fazer novos convênios. Essas aí, os investimentos são muito menores. Às vezes, é apenas um investimento de infraestrutura para crescer isso aí. Nossa expectativa é que nós possamos crescer perto de três a quatro mil vagas novas, se for o caso”, justificou.

    O candidato comentou sua proposta de oferecer cursos de aperfeiçoamento para professores como uma das medidas para “recuperar o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]” de Belo Horizonte.

    Ele afirmou ainda ter corrigido erros da gestão no credenciamento das creches para dar mais segurança jurídica aos estabelecimentos.

    Fuad Noman também falou sobre as trocas no comando da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte.

    “A gente tem que ser bem honesto. Eu não estava satisfeito com a secretária que estava lá, tentei encontrar caminhos e acabou não dando certo, eu tive que trocar. Não dei sorte com a pessoa que eu troquei, não cumpriu o que a gente estava planejando. Eu troquei novamente, e a pessoa que chegou era uma boa pessoa, uma professora da rede, também queria ir embora. E eu só consegui depois o novo profissional para lá. Então eu acho que ali houve um problema nosso mesmo, tanto do prefeito, que não escolheu adequadamente a secretária, como dos secretários que não cumpriram exatamente o que o prefeito precisava e pedia”, concluiu.

    Obras da gestão

    Durante a entrevista, o candidato do PSD fez questão de destacar as obras que estão em andamento na cidade.

    “Eu quero dizer que nós temos feito muitas obras, algumas dessas obras muito relevantes, muito importantes, mas elas não estão prontas. Eu preciso concluir essas obras”, disse.

    Ele mencionou alguns desafios na área a serem vencidos, entre eles, a municipalização do Anel Rodoviário de Belo Horizonte e a transformação da área onde funcionava o antigo aeroporto Carlos Prates em um bairro “moderno”, com a construção de 4.5 mil moradias populares.

    “Nós estamos fazendo um acordo ainda com o Ministério da Gestão para acertar o projeto. E eu espero que o ano que vem… Está bem adiantada a documentação, também esperando a lei eleitoral terminar. E a gente poder afinar esse convênio logo no ano que vem para poder começar a obra”, explicou.

    Apoios

    Sobre o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ter oficializado apoio ao outro candidato na disputa, Bruno Engler (PL), Fuad Noman afirmou que os dois irão manter uma relação “republicana” se for escolhido novamente para prefeito.

    “A relação minha com o governador é uma relação republicana. Ele apoiou o outro candidato no primeiro turno e não atrapalhou em nada o nosso relacionamento. O governador é uma pessoa extremamente cortês, gentil, e ele sabe a importância de Belo Horizonte para Minas, e eu sei a importância de Minas para Belo Horizonte. Então. nós temos uma relação muito harmônica, está certo? Logicamente, ele tem o partido, o partido tem lá suas decisões para serem tomadas e ele precisa seguir a orientação do partido”, disse.

    O candidato declarou: “Eu digo para você o seguinte: o que depender de mim e do governador, nós vamos fazer, porque a cidade de Belo Horizonte precisa muito do estado, e o estado precisa de Belo Horizonte”.

    Já sobre o ex-prefeito de BH, Alexandre Kalil – de quem Fuad Noman foi vice – ter preferido apoiar o candidato derrotado do Republicanos na disputa, Mauro Tramonte, o representante do PSD disse achar que Kalil “sofreu de uma amnésia e negou a própria história”.

    “Ele nunca fechou que viria com a gente, mas também nunca fechou que viria com o outro. E, de repente, tomou outra decisão. Aí, a gente fica procurando explicações. Entendo eu que o objetivo dele é 2026”, comentou.

    Ele ainda disse ver com bons olhos a possibilidade de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), ocupar um ministério do governo Lula.

    “O senador Rodrigo Pacheco é um grande senador, um democrata, uma pessoa de capacidade muito grande e, com certeza, ele só enriqueceria o governo do presidente Lula”, segundo Fuad Noman.

    Governabilidade

    Em caso de reeleição, o candidato falou que não terá problemas com a questão da governabilidade.

    “Nosso candidato a vice-prefeito [Álvaro Damião, do União Brasil], ele é hoje um vereador, é o vice-presidente da Câmara [Municipal de Belo Horizonte], e ele já está providenciando uma conversa, uma articulação com os novos vereadores para entender quais são as ascendências, o que eles estão buscando. Porque para nós o que interessa é uma Câmara que trabalhe por Belo Horizonte. Eu não quero uma Câmara submissa à prefeitura, como eu também não quero uma Câmara que crie algum tipo de obstáculo para a prefeitura”, segundo o candidato.

    Já sobre a composição de um novo governo, Fuad Noman disse que pode aceitar indicações de outros partidos, mas exige “currículo adequado”.

    “Se alguns partidos tiverem interesse em nos ajudar com quadros adequados, efetivos, eu receberei com prazer. A única coisa que eu exijo é que o profissional que vier não venha porque foi indicado, ele venha porque tem um currículo adequado, entenda do projeto que a gente quer, faça uma entrevista adequada e se mostre com condições de exercer aquele cargo”, pontuou.

    Transportes

    Ao ser questionado sobre a possibilidade de ampliar as gratuidades já disponíveis nos transportes, ele afirmou ser a favor, mas disse que a decisão dependeria do tipo de financiamento.

    “O problema da tarifa zero não é o conceito, é o recurso. Hoje, existem os estudos que estão sendo desenvolvidos em que o vale-transporte poderia ser transformado numa contribuição para um fundo, e esse fundo, agregado com outros valores, poderiam ser utilizados para custear a passagem. Num processo dessa maneira, com recursos garantidos, ou do governo federal, ou do governo estadual, principalmente desses recursos, eu não tenho nada contra, absolutamente a favor”, declarou.

    Sobre o acordo com as empresas que atuam no setor, ele afirmou que “em 2023 nós já fizemos uma revisão” e que “o contrato teve uma modernização, e melhorou muito a relação da prefeitura com os concessionários”.

    Ele compartilhou a proposta de contratar uma consultoria internacional especializada e fazer uma nova licitação nos próximos anos.

    “Eu contratarei uma consultoria, de preferência internacional, sem ser obrigação internacional, mas uma consultoria especializada em transporte coletivo, em concessão de transporte coletivo, para buscar experiência na Austrália, buscar experiência onde estiverem, nos Estados Unidos, na Holanda, sei lá. E eles apresentarem, fazendo um estudo abrangente para nós, apresentarem um termo de referência moderno, atualizado. Esse termo de referência recebido, nós vamos colocar em audiência pública. Ouvir a imprensa, ouvir a sociedade civil, ouvir os usuários e buscar sugestões. Tendo essas sugestões, a gente agregaria ao processo e, aí, faríamos uma nova licitação, provavelmente em 2026, 2027, uma licitação dentro desses novos parâmetros, dentro desse novo modelo que eu espero que seja o modelo mais eficiente, mais barato”, detalhou.

    A respeito da possibilidade de a passagem ficar mais cara, ele lembrou a complementação do valor que ocorre atualmente e disse ter que “primeiro avaliar o orçamento da prefeitura, para ver quanto é que a prefeitura pode aportar de recursos e, segundo, quanto é que o trabalhador pode pagar”.

    Posição política

    Com relação às adesões que a campanha vem recebendo nesta etapa da corrida eleitoral, o candidato disse que “nenhum desses apoios foi condicionado a cargos” e que “foi um movimento voluntário”.

    Ele se declarou um político de “centro progressista”.

    “Eu não represento a esquerda, não represento a direita. Eu represento o centro progressista. E o centro progressista apoia a direita, apoia a esquerda. Porque para mim, Belo Horizonte é uma cidade única. Não importa a ideologia das pessoas, eu trabalho para eles”, afirmou.

    Com relação à candidatura do PSD para 2026, ele disse: “Nós não sabemos ainda quem são os candidatos, nós não sabemos ainda como que os partidos vão se posicionar. E eu, logicamente, se for reeleito, vou apoiar o candidato do meu partido”.

    Proximidade com Lula

    O candidato afirmou ter “uma simpatia muito grande” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    “Ele sempre foi muito correto comigo e muito correto com o Belo Horizonte, o que é o mais importante. Quando eu apoiei o presidente Lula no segundo turno da eleição presidencial, nós não fizemos nenhum acordo eleitoral para me favorecer. Tanto é que ele estabeleceu o candidato, eu respeitei”, explicou.

    “Tenho vontade de dar um suspensório de presente para ele, porque toda vez que ele vem [a BH], fala do meu suspensório. E eu quero dizer que, na realidade, a presença dele seria muito bem-vinda”, segundo Fuad Noman.

    Apesar da boa relação com Lula, ele destacou não ter padrinhos políticos na disputa: “Os meus padrinhos são as minhas obras. É elas que têm me levado, me trouxeram para o segundo turno e eu espero me levar para a vitória”, pontuou.

    Polarização e opinião sobre adversário

    O candidato disse querer manter a cidade distante de um cenário de polarização.

    “Eu não quero transformar Belo Horizonte numa polarização. Nós temos um candidato que só fala em Bolsonaro, Bolsonaro, Bolsonaro. Eu não vou fazer outra campanha falando em outro oponente do Bolsonaro, porque eu vou nacionalizar essa eleição e Belo Horizonte não precisa”, segundo ele.

    Sobre o outro candidato na disputa, Bruno Engler (PL), ele afirmou ser “um jovem que ainda não tem experiência”.

    “Eu já mostrei, eu fiz, eu já tenho obras para apresentar, eu estou fazendo obras, eu tenho projeto para outras obras, minhas propostas estão todas elas planejadas e com orçamento preparado e pronto. Então, quando você compara os dois candidatos, eu acho que é uma diferença muito grande entre a minha experiência e a experiência do meu concorrente, sem logicamente desmerecê-lo. É um jovem talentoso, acho que pode no futuro ter um futuro brilhante, mas nesse momento a comparação é ruim para ele”, disse.

    Câmeras corporais e efetivo da guarda

    O candidato se declarou a favor do uso de câmeras corporais por agentes como “uma segurança para o próprio policial”.

    “Eu acho que a câmera é, na realidade, uma segurança para o próprio policial, porque muitas vezes o policial tem que tomar alguma atitude, tem que agir de alguma forma, e o desenrolar disso pode gerar um tipo de violência, pode gerar um tipo de ação. E o policial, às vezes, é acusado de ter feito um movimento violento sem que ele possa mostrar a origem do fato”, explicou.

    Já quando questionado sobre qual seria o modelo das câmeras, liga e desliga ou funcionamento ininterrupto, ele disse que precisa ter mais conversas, mas tende a seguir a opinião do governo federal – sem desligamento por parte do agente.

    “Tendo a seguir a orientação do governo federal, porque os estudos lá são mais avançados do que o nosso. Mas eu diria que eu preciso ainda de trocar um pouco mais de ideia internamente e, à medida em que as câmeras forem chegando, a gente tomará a decisão final”, segundo ele.

    Com relação ao número de agentes da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte, atualmente em 2.4 mil profissionais, ele afirmou que considera “um efetivo adequado”.

    “Olha, eu acabei de contratar 500 servidores, guardas municipais. Eu acho que nós temos um efetivo adequado, pelo menos para o modelo que nós temos hoje. A Guarda Municipal de Belo Horizonte é muito bem treinada, é uma guarda muito qualificada, está muito bem equipada, o trabalho nosso de articulação com a polícia é muito bem feito, porque de fato a gente sabe que a polícia militar é a principal responsável pela segurança. A guarda é coadjuvante nesse processo”, disse.

    Segundo Fuad Noman, se futuramente “chegar à conclusão” de que o número precisa aumentar, “não tenho nenhum problema de contratar mais”.

    Saúde

    O atual prefeito de Belo Horizonte declarou que está bem de saúde, após ter enfrentado um câncer.

    Ele disse ter ficado impactado com a demora a que os pacientes são submetidos no sistema público e falou em “mudar completamente o processo” por meio de parcerias com hospitais particulares que são referência no assunto.

    “Identificou? Vai para o hospital [de referência]. Lá faz o exame, lá faz a cirurgia, se for o caso, lá começa o tratamento. Tudo integral no tempo real”, explicou.

    “Eu não posso admitir que uma pessoa que tem um plano de saúde seja melhor tratada do que uma pessoa do SUS [Sistema Único de Saúde]”, segundo ele.

    O candidato detalhou o projeto de diminuir as filas de espera por cirurgias eletivas.

    “Nesses dois anos e seis meses, nós já fizemos 96 mil cirurgias eletivas. Ah, mas ainda tem um déficit de 28 mil. Tem, porque à medida que você faz, vai no médico, o médico faz um exame e define uma cirurgia, essa pessoa está na fila normalmente. Eu posso ter tirado uma aqui, e entrou duas, três, quatro. E o que nós estamos fazendo é um esforço integrado junto com a rede de hospitais do SUS, e esse foi o trabalho que eu fiz essas duas semanas, conversando com os hospitais, para que a gente possa ampliar a capacidade de cirurgia eletiva nos horários de menor pressão dentro dos hospitais”, de acordo com ele.

    Fuad Noman também comentou a proposta de criar um programa de incentivo para manter médicos trabalhando na capital mineira.

    “Eles entram na prefeitura e vão embora um, dois, três lá na frente. Isso me chama muito a atenção, porque o turnover [taxa de rotatividade] dos médicos é grande. Eu acho, avaliei com a nossa secretária de saúde, o governador, que eu acho que falta um pouco de incentivo para eles permanecerem. Então, eu estou trabalhando junto para a gente construir, o ano que vem, um programa de incentivo para a permanência dos médicos. Uma carreira mais sólida, uma carreira mais consolidada, uma possibilidade de criar condições para que eles possam se especializar, trabalhar na prefeitura, fazer um curso de qualificação, de especialização, aumentando a vaga para essas especialidades que os médicos buscam”, completou.

    Vacinação

    Ao comentar a posição do adversário Bruno Engler, que declarou não ter sido vacinado contra a Covid-19, o candidato disse que “talvez esse seja um dos grandes problemas hoje da saúde pública do Brasil, o fato de a Covid… Criar aquela vacina, e ocorreu uma campanha quase que nacional para não vacinar. E como você mesmo disse, de alguma forma liderada aqui em Minas pelo candidato hoje a prefeito de Belo Horizonte e pelo presidente da República e pelo ministro da Saúde. Isso prejudicou muito a vacinação.”

    “Quem conhece a vacina, os benefícios da vacina, sabe que uma criança que não vacina está sujeita a muitas doenças. Nós eliminamos a paralisia infantil há um tempo atrás e ela voltou, de alguma forma. Nós eliminamos a catapora, o sarampo. Nós eliminamos uma série de doenças que trazem malefícios”, acrescentou.

    Durante a entrevista, Fuad Noman pediu aos pais “que levem os seus filhos” para serem vacinados e afirmou que a gestão tem levado imunizantes para locais como praças, nos finais de semana, a fim de facilitar o a vacinação.

    “Eu sou obrigado na escola, por exemplo, a pedir autorização dos pais. Mas a gente tem sido bem-sucedido nessa questão. O nível nosso de vacinação aumentou muito depois que nós fizemos esse processo. Ainda está baixo, ainda não é o número ideal”, observou.

    Entrevistas com candidatos

    Fuad Noman participou da série de entrevistas com os candidatos às prefeituras no segundo turno.

    A exibição aconteceu ao vivo no CNN 360º, na TV e no canal da CNN Brasil no YouTube, a partir das 15h30.

    No primeiro turno em Belo Horizonte, Fuad Noman conseguiu 26,54% dos votos válidos (336.442 votos) contra 34,38% (435.853 votos) de Bruno Engler (PL).

    A entrevista com Bruno Engler ocorreu no dia anterior (17).

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