Ex-refém do Hamas de 84 anos luta pela vida em hospital de Israel

Idosa de 82 anos tinha problemas crônicos de saúde e não recebeu a medicação durante os dias que passou como refém do Hamas

Emily Rose, da Reuters, Jerusalém
Compartilhar matéria

Quando Elma Avraham, de 84 anos, foi levada como refém de sua casa no kibbutz Nahal Oz, em 7 de outubro, ela era um membro independente da comunidade, de acordo com seus familiares.

Quando o Hamas a soltou, no domingo, ela estava “lutando pela sua vida”, de acordo com profissionais de saúde.

A bisavó foi libertada junto com outros 16 reféns no terceiro dia de trégua entre Israel e Hamas.

Embora outros reféns tenham voltado em bom estado de saúde, a filha de Avraham disse a repórteres que sua mãe chegou com um pulso de 40 batimentos por minuto e uma temperatura corporal de apenas 28 graus. O vice-administrador do hospital Soroka, em Beersheba, disse que seu estado permanece crítico e que ela está sob ventilação mecânica e sedada na unidade de terapia intensiva.

“Eles a mantiveram em condições horríveis”, afirmou Tali Amano, filha de Elma Avraham, do lado de fora do hospital. “Minha mãe chegou horas antes de quase a perdermos.”

A fala foi validada pelo porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari. “Ela foi mantida em condições duras. Eles negaram a ela medicamentos essenciais. Ela não foi visitada pela Cruz Vermelha”, disse.

Ele afirmou, ainda, que a mulher “é uma lembrança da nossa missão crítica” e perguntou “quem está cuidando dos outros reféns na Faixa de Gaza?”.

Amano descreveu sua mãe como uma pessoa “feliz, conectada e abraçada por toda a comunidade” antes de ser levada. Ela informou que, embora a mãe tivesse problemas crônicos de saúde, eles estavam sob controle.

“Eles a mantiveram por 52 dias em condições que nenhum humano deveria ser mantido”, afirmou o chefe de Assuntos Médicos do Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, Hagai Levine. “Simplesmente sem dignidade humana, um abuso descabido.”

Amano afirmou que se encontrou com a Cruz Vermelha e implorou a eles que medicassem a mãe, mas eles disseram que não conseguiram entregar os medicamentos. “Minha mãe não precisava voltar dessa forma, e não tenho ideia como ela vai passar esses dias.”

Um porta-voz da Cruz Vermelha disse à Reuters: “Estamos falando diretamente com as famílias e elas nos pedem para levar medicamentos pessoais, mas não temos como entregá-los”.

“Continuamos pedindo acesso aos reféns, como fizemos desde o primeiro dia, e estamos prontos para realizar essa visitas”, afirmou ele.