Movimentos indicam reorganização do exército russo, afirma especialista

À CNN, professora Danille Ayres avaliou que ataques no leste do país indicam possível anexação da região de Donbas

João Pedro Malar, da CNN, em São Paulo
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Os movimentos do exército russo nesta terça-feira (1º), com mais ataques na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkhiv, e o direcionamento de tropas para a capital, Kiev, indica uma reorganização por parte do presidente da Rússia, Vladimir Putin, segundo Danielle Ayres, professora da UFSC.

Em entrevista à CNN ela afirma que, inicialmente, o exército enfrentou reveses como falta de combustíveis, dificuldades logística e uma aparente incapacidade de comando e controle efetivo entre as tropas. "Eles tiveram que nos dois primeiros dias reorganizar toda a sua dinâmica de enfrentamento à resistência ucraniana".

"Parece que essa reorganização já ocorreu, e da estratégia também, temos visto isso nos ataques de hoje, aumentando o grau de ataques em Kharkhiv, principalmente, mas temos notícias de que os próprios soldados russos, muito jovens, nem sabiam que estavam indo para a Ucrânia para guerrear, isso fragiliza, obviamente, mas não sabemos até que ponto essa informação é totalmente real", diz.

Para Ayres, Putin tem sido inconstante em relação ao seu objetivo com o conflito, alternando entre a anexação da região de Donbas, no leste ucraniano, a desmilitarização do país ou a conquista da capital, Kiev, e de toda a Ucrânia.

Ela avalia que "a tendência é que ele coloque um governo pró-Rússia no lugar de Zelensky que possa reorganizar a ordem interna da Ucrânia e passe a ter uma retirada das tropas russas, pelo menos na capital, Kiev, e de Kharkhiv".

Mas os movimentos recentes, com um esforço de ataque a leste da Ucrânia parecem indicar, segundo a professora, que os russos planejam cercar os soldados ucranianos em Donbas, apontando para o objetivo de "anexar essa região".

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