Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Nova onda de violência em prisão no Equador deixa 58 detentos mortos

    Confronto entre gangues aconteceu na mesma prisão onde 119 presos morreram em setembro - além do crime organizado, sistema prisional do país sofre com superlotação e más condições sanitárias

    Alexandra Valencia e Yury Garciada Reuters , Guayaquil

    Pelo menos 68 presos foram mortos e mais de duas dúzias ficaram feridos durante confronto na Penitenciaria del Litoral do Equador nesta sexta, informou o governo do país neste sábado (13). Segundo as autoridades, a violência foi caracterizada como brigas entre gangues rivais.

    A penitenciária, localizada na cidade de Guayaquil, no sul do país, é a mesma prisão onde 119 presos foram mortos no final de setembro no pior incidente de violência carcerária de todos os tempos.

    O governo responsabilizou as disputas entre gangues de narcotraficantes pelo controle das prisões pela episódio.

    Dezenas de pessoas estavam reunidas do lado de fora da prisão esperando notícias de seus entes queridos, de quem muitos disseram não ter notícias. Uma delas é Cristina Monserrat, 58, que ainda não conseguiu informações sobre o irmão mais novo, que está preso há um ano. “O que está acontecendo lá dentro é repreensível, pessoas se matando e o mais triste é que elas não têm consciência”, disse Monserrat. “Meu irmão está vivo, meu coração me diz isso.”

    O Presidente Guillermo Lasso, acrescentou Monserrat, deveria fazer mais para ajudar os pobres. O sistema prisional do Equador tem estado nos holofotes nos últimos anos por superlotação, más condições sanitárias e crime organizado.

    Em setembro, Lasso declarou estado de emergência de 60 dias no sistema prisional, o que liberou fundos do governo e permitiu a assistência militar no controle das prisões. Neste sábado, o presidente pediu ao tribunal constitucional que permitisse a entrada dos militares nas prisões, em vez de fornecer apenas segurança externa.

    Em setembro, 119 pessoas foram mortas na mesma penitenciária / Reuters

    Onda de Perturbações

    O último distúrbio foi causado por uma guerra de poder entre facções após a libertação do líder de uma gangue, disse o governador da província de Guayas, Pablo Arosemena, em uma coletiva de imprensa no início do dia.

    “O contexto dessa situação é que não havia líder da quadrilha neste bloco de celas porque há poucos dias aquele prisioneiro foi libertado”, disse Arosemena. “Outros blocos de celas com outros grupos queriam o controle”.

    Vídeos nas redes sociais supostamente postados por detentos durante a noite, os mostraram implorando por ajuda para conter a violência enquanto tiros e explosões soavam ao fundo. A Reuters não conseguiu verificar de forma independente a origem dos vídeos.

    Houve uma onda de distúrbios nas prisões do país, que abrigam cerca de 39.000 detidos, desde o assassinato, em dezembro de 2020, de ‘Rasquina’, o líder da gangue Los Choneros, meses depois de ele ter sido libertado da prisão.

    Sua morte deixou um vácuo de poder, disseram as autoridades na época, já que gangues menos conhecidas tentavam assumir o controle das prisões do país. As rivalidades estão ligadas à competição por alianças do narcotráfico com cartéis internacionais, disseram ex-funcionários.

    As autoridades disseram que um incidente de fevereiro que matou 79 detidos foi uma resposta à morte de Rasquina. Outras 22 pessoas morreram em um motim de julho.

    “Estamos lutando contra o narcotráfico, contra gangues de criminosos que lutam entre si por território dentro e fora das prisões para distribuir drogas”, disse o governador Arosemena.

    Alguns dos mortos na violência de setembro na Penitenciaria del Litoral foram decapitados ou queimados, informou a procuradoria-geral, e dezenas ficaram feridos.

    No total, 11 pessoas foram encontradas enforcadas na penitenciária em outubro, o que as autoridades disseram que podem ter sido suicídios.

    “Não sei de nada, o que pedimos são respostas”, disse Estefânia, que não quis dar o sobrenome, e disse que o marido está preso por roubo. “Não sei se ele está vivo ou morto.”

     

    Tópicos