“Só queremos voltar ao Brasil em segurança”, diz jogador brasileiro na Ucrânia
Em entrevista à CNN, Fabinho, atleta do Metalist, diz estar apreensivo e que não consegue sair do país
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (24), Fabinho, meio-campista do Metalist 1925, da cidade ucraniana de Kharkiv, disse que está apreensivo com a situação no país após o ataque russo e que quer voltar ao Brasil.
“Só queremos sair da Ucrânia e chegar em casa em segurança”, disse. “Se eu soubesse o que ia acontecer, não teria voltado”, afirmou.
O meio-campista explicou que o time fez pré-temporada na Turquia e que após duas semanas começaram a receber notícias de que uma guerra era possível. Ao perguntar para os dirigentes do clube sobre o assunto, teve a resposta de que poderiam ficar tranquilos e que não haveria conflito.
Porém, quando chegaram ao aeroporto ucraniano, se depararam com soldados armados. Novamente, a recomendação foi para que ficassem calmos.
“Quando chegamos no aeroporto, nos deparamos com aquilo. Foi um baque para nós. Durante a semana, as imagens e notícias foram chegando e ficamos apreensivos, até chegar um momento que não tem como sair”, disse, acrescentando que ainda não conseguiu contato com o Itamaraty.
De acordo com o meio-campista, os treinos continuaram normalmente, até que foram informados ontem (23) que teriam dois dias de folga e que a situação seria atualizada no sábado (26). Eles jogariam contra o Shakhtar Donetsk.
Kharviv fica ao Leste da Ucrânia, a algumas horas das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk. De acordo com o jogador, as autoridades e membros do clube aconselharam a estocar comida, não sair de casa e, no caso de “algo mais grave” se dirigirem ao metrô.
“Estou muito apreensivo e com medo. Não sei o que pode acontecer nos próximos dias. Nós brasileiros que jogamos no país nos comunicamos muito e o pessoal em Kiev disse que viram caças passando, outros em outra região disseram que ouviram bombas”, disse Fabinho.
Ele afirmou que recebeu várias mensagens de carinho e preocupação e que sua esposa está no Brasil.
Veja a entrevista completa no vídeo acima
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.
Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).
O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.
De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(Com informações de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh,