Documento da Saúde do RJ alerta para ‘colapso’ por falta do kit intubação
Parecer técnico solicita que Estado compre medicamentos em meio à alta demanda provocada pela Covid-19

Documento da área técnica da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro relata situação de colapso em unidades de saúde do Estado em virtude da falta de remédios que compõem o chamado “kit-intubação”.
O parecer informa a “demanda inesperada” pelos remédios em virtude da alta quantidade de pacientes internados com o novo coronavírus na rede estadual, traz apelos de pelo menos cinco unidades de saúde, que estão com falta desses medicamentos, e pedido de ajuda ao governo do estado.
O Rio de Janeiro está com 90% dos leitos de UTI ocupados e tinha, até a noite de quinta-feira (8), 818 pessoas aguardando na fila por uma vaga.
O parecer cita um e-mail enviado pela direção do Hospital Universitário Pedro Ernesto, uma das unidades de referência para tratamento de Covid-19 na capital fluminense, no qual há pedido “emergencial” para o abastecimento de UTIs.
“No momento encontram-se zerados em nossos estoques: bloqueadores neuromusculares (rocurônio, cisatracúrio, atracúrio), midazolan amp. 10 ml, Propofol frasco 50 ml, Dextrocetamina, entre outros …”, descreve o trecho da mensagem.
O documento obtido pela CNN é do dia 26 de março e reforça a necessidade do governo do Rio de Janeiro comprar urgentemente remédios que compõem o “kit-intubação”. São compras geralmente feitas pelas próprias unidades de saúde, mas, diante do cenário, a área técnica da Secretaria Estadual de Saúde avalia que o Estado deve interceder e fazer as aquisições dos remédios.
“Há vidas, e muitas, esperando. Podemos dizer que com a súbita e inesperada avalanche de casos não há o que esperar, poucas horas sem acesso aos medicamentos necessários à intubação certamente ceifará a vida de muitos fluminense”, diz o texto.
O processo de compra foi aberto há duas semanas, mas ainda não avançou.
Elaborado pela Subsecretaria de Gestão da Atenção Integral à Saúde, o parecer ressalta que, apesar da necessidade de o Estado comprar remédios para o kit-intubação, o cenário para aquisição é incerto, devido à alta demanda em todo o país pelos medicamentos.
“Entendemos que sem a contribuição estadual na centralização de aquisição, e ante as irregularidades e falta de previsibilidade dos repasses de medicamentos do kit por parte do Ministério da Saúde, há diversos indicativos de que haverá insucesso no enfrentamento ao Covid-19.”

Estado afirma que problema é nacional
Em nota enviada à CNN, a Secretaria Estadual de Saúde informou que realiza nesta sexta-feira (9) uma nova entrega dos medicamentos que compõem o ki-intubação e que está “buscando alternativas viáveis para resolver o abastecimento das unidades do estado”. Entretanto, a pasta afirmou “que o problema vem ocorrendo em todo o Brasil”.
A pasta também informou que planeja a compra de medicamentos para suprir as unidades estaduais pelos próximos três meses.