Estamos diante de um desastre, diz secretário de Defesa Civil sobre chuvas

À CNN, coronel Alexandre Lucas afirmou que forças do governo federal já estão atuando na Bahia

Basília Rodrigues e Jorge Fernando Rodrigues, da CNN
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As chuvas que atingem a Bahia, alagando completamente mais de 30 cidades e gerando cerca de 4,2 mil desabrigados, configuram uma situação de desastre, afirmou o secretário nacional de Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, em entrevista à CNN neste domingo (26).

"Nós estamos diante de um desastre, e o desastre depende de variáveis que não controlamos. Se as chuvas pararem, as águas baixam e podemos liberar recursos para a limpeza da cidade e a normalização das atividades, mas se as chuvas continuarem caindo por muitos dias, vai persistir essa situação de risco", afirma.

Segundo ele, o foco no momento tem sido nas atividades de abrigamento e socorro de moradores de áreas afetadas pelas fortes chuvas. "É importante que continuemos monitorando isso tudo, colocando à disposição da população os recursos de socorro, a retomada da normalidade vai depender da situação climática", diz.

Lucas afirma que cada município deve localizar as atividades de defesa civil, e é importante que todos tenham um posto de comando, que atua como um "local de referência para que a comunidade possa buscar esse socorro em cada lugar".

De acordo com o secretário, as cidades com defesa civil mais robusta podem ser contatadas pela população por meio do telefone 199 ou 193.

Supervisionando as atividades no município de Ilhéus, que está sendo atingindo pelas chuvas neste domingo, ele afirmou que a cidade já contabiliza mais de 700 desabrigados, com 6 mil desalojados, em especial na zona rural.

"Essa chuva preocupa pela situação nas localidades mais baixas, que já estão muito castigadas, e é preciso que as pessoas deixem esses locais antes que as águas subam. As medidas de autoproteção são fundamentais", diz Lucas.

Ao falar sobre as causas para o cenário atual na Bahia, o secretário afirmou que "a gente tem que pensar que as cidades no Brasil foram construídas ao longo dos rios. As chuvas intensas decorrentes do aquecimento global fazem com que as águas subam muito".

"Os alertas são para que as pessoas saiam de suas casas e deixem as áreas de risco antes que aconteçam os problemas, mas não há como evitar o excesso de chuvas e as inundações", disse.

De acordo com o secretário, os alertas sobre as chuvas foram emitidos previamente, e agora "o que se tem de trabalhar é o que o mundo recomenda, a gestão do risco, e isso envolve a emissão de alertas, a retirada de pessoas antes que aconteçam os desastres para diminuir danos urbanos, materiais e prejuízos humanos e materiais".

Ele considera que o excesso grande de chuvas tornaria impossível qualquer obra de prevenção. "A gente tem que começar a se acostumar com isso [chuvas mais intensas], porque inclusive ocorreu na Alemanha, Europa recentemente, e tem ocorrido no mundo inteiro", afirma.

Lucas disse que as forças do governo federal já estão atuando na região, com equipes do Ministério da Saúde, Polícia Rodoviária Federal, Defesa Civil nacional e força nacional do SUS. "As forças, tanto federais quanto estaduais, estão chegando para apoiar nessa situação".