Mulher fica paraplégica após assalto forjado; ex-marido é acusado de crime
Homem é suspeito de pagar R$ 18 mil reais para criminosos atirarem contra mulher; vítima reconheceu carro usado na fuga

Um assalto a uma farmácia em Iguape, no litoral de São Paulo, revelou-se uma tentativa de feminicídio à balconista Ingrid Mendonça Ribeiro, de 34 anos, que ficou paraplégica ao ser baleada na ação. A investigação da polícia apontou que o crime havia sido encomendado pelo ex-marido de Ingrid, que, ao não aceitar o fim do relacionamento de cinco anos, pagou R$ 18 mil reais para criminosos forjarem um assalto e matar a mulher. O ex-marido está preso preventivamente e aguarda julgamento.
O crime ocorreu em outubro, no estabelecimento onde Ingrid trabalhava, no centro da cidade. Dois homens armados anunciaram um assalto, trancaram os demais funcionários em uma sala e dispararam contra Ingrid. A bala atingiu a coluna vertebral da mulher, explica a irmã da vítima, que prefere não se identificar.
Após ser encaminhada ao hospital para retirada do projétil, os médicos deram à família o diagnóstico de paralisia. “O disparo atravessou seu pulmão, atingindo sua coluna vertebral. O que agravou mais a condição, foi o fato de minha irmã ter escoliose (desvio da coluna), tornando-a impossibilitada de voltar a andar”, diz.
O caso chocou a pequena cidade, que se mobilizou para ajudar Ingrid e a família a arrecadar recursos para as despesas que viriam com a nova condição, como uso de cadeira de rodas, de cama reclinável e a construção de rampas na residência.
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“Só queremos amenizar seu sofrimento, proporcionando uma melhor qualidade de vida para o estado em que se encontra. Ainda não sabemos se um dia ela poderá voltar a andar, os médicos não nos deram esperança. Se você for mulher e for vítima de agressão, denuncie. Disque 180, faça boletim de ocorrência, não se cale”, desabafa a irmã da vítima.
Desdobramento do caso
Após o crime, a polícia perseguiu um veículo prata, apontado por testemunhas como o carro utilizado pelos criminosos para fugirem da farmácia. Na perseguição, o motorista perdeu o controle do veículo em uma rodovia, causando a morte de um dos suspeitos e a prisão do segundo.
Um fato chamou a atenção da polícia, pois, a vítima relatou em depoimento que o carro conduzido pelos homens era o mesmo que a seguia em uma rua, dias antes do assalto. Com isso, o homem acabou confessando que o crime havia sido encomendado pelo ex-marido de Ingrid, que ofereceu R$ 18 mil reais para execução — R$ 5 mil foram pagos adiantados.
O marido de Ingrid está preso com o outro suspeito na penitenciária de Registro, onde ambos aguardam julgamento.
Medida protetiva
Ingrid havia se divorciado há cerca de um mês antes do crime. Segundo relatos da família, o ex-marido já havia tentado agredi-la por diversas vezes, a perseguia e tentava contato por telefone constantemente.
“Houve algumas vezes em que ele foi à casa dela, até mesmo à noite, deixando minha irmã perturbada e com medo. Zelando pela segurança de seu filho único, de seu primeiro casamento, ela decidiu pedir ajuda da polícia e fazer a medida protetiva”, explica a irmã da vítima.
Ainda de acordo com a família, mesmo com a medida protetiva, o ex-marido chegou a ir à casa de Ingrid. Foi quando ela decidiu instalar quatro câmeras de segurança em sua casa. As imagens também auxiliaram as investigações da polícia.