Diretório paulista do União Brasil diverge sobre impugnação da filiação de Moro
Deputados estaduais filiados ao partido em São Paulo emitiram notas contra e a favor do projeto nacional do ex-juiz pelo partido
A notícia sobre a filiação do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro ao União Brasil gerou divergências no diretório do partido em São Paulo. Em notas divulgadas nesta sexta-feira (1º), deputados estaduais pertencentes à legenda se posicionaram contra e a favor de uma eventual impugnação de Moro caso ele mantenha seu projeto de se candidatar a presidente pelo partido, que é resultado da fusão entre DEM e PSL.
À tarde, uma nota enviada pelo deputado Alexandre Leite (União-SP) fez um alerta contra o projeto político nacional de Moro. “O União Brasil São Paulo reafirma que a filiação do ex-juiz Sergio Moro se deu com a concordância de um projeto pelo estado de São Paulo, isto é, deputado estadual, deputado federal ou, eventualmente, senado. Em caso de insistência em um projeto Nacional, o partido vai impugnar a ficha de filiação de Moro”, diz a nota.
O movimento ocorre pouco depois de o ex-juiz declarar que não será candidato a deputado federal. Em pronunciamento feito em um hotel em São Paulo, Moro indicou ainda não ter desistido de sua candidatura à presidência.
Mais tarde, no início da noite, o também deputado Júnior Bozzella (União-SP), soltou uma nota na qual afirma que “nenhum membro da diretoria, isoladamente, está autorizado a falar pelo União Brasil de São Paulo”. Diz ainda que, “nos termos estatutários, as manifestações oficiais do partido devem ser colegiadas, seguir as diretrizes estatutárias e do órgão nacional”.
“A filiação de Sérgio Moro foi realizada em Brasília pelo presidente nacional, Luciano Bivar, que é a autoridade máxima do partido, até que haja uma convocação dos órgãos nacionais colegiados”. disse Bozzella. Ele afirmou ainda que “nenhum membro de São Paulo pode desautorizar o presidente nacional” e que isso é “regra básica da hierarquia partidária”.
“O fato de uma ala do partido não querer a candidatura presidencial de Sergio Moro não é motivo para impugnar sua filiação. Filiação não se confunde com escolha de candidatos. Isso é o básico da legislação eleitoral. As candidaturas nacionais, como diz a lei, são definidas na convenção nacional do União Brasil, órgão colegiado e
soberano nas suas decisões. Não existe nada que desabone a filiação de Sérgio Moro. Muito pelo contrário”, acrescentou Bozzella.
“Em contrapartida, desautorizar sem motivos um ato de filiação, realizado pelo Presidente nacional, configura infração ética, passível de representação disciplinar, nos termos estatutários”, finalizou Bozzella, em sua nota.
Mudança de partido
Na última quinta-feira (31), o ex-juiz se desfiliou do Podemos, partido pelo qual era tido como pré-candidato à Presidência da República. Moro agora passa a integrar o União Brasil. No dia da mudança, ele anunciou que desistiu de sua pré-candidatura à Presidência da República “neste momento”.
O recado do diretório estadual de São Paulo do União Brasil evidencia que há resistência ao nome de Moro na cúpula do partido, principalmente caso o ex-ministro decida voltar a participar da disputa presidencial.
Mais cedo, o secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, que era presidente do Democratas antes da junção com o PSL, afirmou à analista de política da CNN Renata Agostina que integrantes do partido preparam um pedido de impugnação à filiação de Moro.
“Vamos apresentar, ainda hoje, um requerimento de impugnação da filiação dele. Será assinado pelos oito membros com direito a voto no partido, o que corresponde a 49% do colegiado. A filiação, uma vez impugnada, requer 60% para ter validade”, disse ACM Neto.
Eleições
Em entrevista à CNN, em 10 de março deste ano, o então pré-candidato à Presidência da República declarou que “não há possibilidade de desistência das eleições de 2022″, e que estaria em todos os debates presidenciais.
“Desistir da minha candidatura seria desistir de mudar o Brasil, o que é meu sonho, e por isso coloquei meu nome à disposição da população brasileira. O que está acontecendo aqui na verdade é que muita gente tem medo da minha pré-candidatura e de me enfrentar nos debates. O que tenho a dizer para essas pessoas é que eu vou até o fim. Alguém vai ter que falar a verdade em 2022, não só em relação ao passado e presente, mas em relação ao futuro”, afirmou Moro na ocasião.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.
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*Com informações de Anna Gabriela Costa, da CNN