
Governo e Congresso enfrentam novo desentendimento e veem relação piorar
Planalto lida com respostas duras dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, a conflitos nas Casas Legislativas

O Palácio do Planalto tem mais um desafio no Congresso. Desta vez, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciaram publicamente o rompimento com os líderes do governo e do PT nas Casas Legislativas.
O clima com Davi Alcolumbre pesou após a indicação de Jorge Messias ao STF (Supremo Tribunal Federal), isso porque ele defendia que o senador Rodrigo Pacheco (MDB-MG) ocupasse a vaga.
Alcolumbre também criticou a movimentação do líder do governo no Senado Jaques Wagner (PT-BA) em favor de Messias, alegando que o petista desrespeitou ritos da Casa. Com isso, rompeu oficialmente com Wagner.
Horas após a indicação de Messias na última quinta (20), Alcolumbre — que era considerado um dos principais aliados de Lula no Congresso — pautou um projeto com potencial de impacto bilionário para as contas públicas.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (24), Messias tentou aliviar o clima, elogiando o presidente do Senado. A resposta de Alcolumbre, no entanto, foi meramente protocolar, dizendo que vai sabatina-lo em um "momento oportuno".
Em entrevista à CNN Brasil, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, reconheceu a dificuldade da situação do governo no Congresso.
"É um momento de grandes tensões no país por causa de várias, várias situações que estão acontecendo. E isso, é claro, tem alteração do clima, no ambiente, dentro das duas casas. Por isso mesmo, mais do que nunca, tem que ter a busca de um diálogo", disse Dias.
Durante participação no WW, o cientista político e CEO da consultoria Dharma, Creomar de Souza afirmou que Alcolumbre era um "fiel da balança" para o governo no Legislativo.
"Em alguns momentos, servindo como uma espécie de contraponto de decisões muito ruins para o governo saídas da Câmara dos Deputados e, em outro, ele mesmo puxando brigas e diálogos para proteger o Planalto que falha no diálogo com o Legislativo", afirma.
Creomar pontua que a situação para o Executivo tende a piorar diante do mal-estar com o presidente do Senado - especialmente diante das crises com Hugo Motta. "Hoje, as ações de Alcolumbre podem machucar muito mais do que aquilo que era feito pela Câmara."
Os problemas do governo no Congresso passam do Senado e chegam à Câmara, onde o presidente Hugo Motta também rompeu com o líder do PT, deputado Lindbergh Farias. Hugo diz não ter interesse “em qualquer tipo de relação com Lindbergh”.
O petista chamou o posicionamento de “imaturo” e afirmou que, se existe uma crise de confiança, isso tem mais a ver com escolhas do próprio presidente da Casa.
Lindbergh elencou uma série de situações que causaram a desconfiança mútua, incluindo a nomeação do deputado Guilherme Derrite (PL-SP) como relator do Projeto de Lei Antifacção - originalmente feito pelo Planalto.
A escolha foi fortemente criticada pelo governo e tensionou o debate da matéria.


