Planalto posta vídeo com críticas à operação que matou 119 no Rio

Vídeo fala que "matar 120 pessoas não adianta nada" e defende aprovação da PEC da Segurança

Helena Prestes, da CNN Brasil*, Brasília
Soldado da guarda presidencial no Palácio do Planalto enquanto a bandeira brasileira tremula ao fundo, em Brasília  • 31/07/2025REUTERS/Adriano Machado
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O Governo do Brasil publicou, nesta quarta-feira (29), um vídeo crítico à operação realizada no Rio de Janeiro na terça-feira (28). "Matar 120 pessoas não adianta nada no combate ao crime", afirma o conteúdo institucional.

Em tom educativo, o vídeo postado no Instagram do governo define o crime organizado como "um dos maiores problemas do Brasil". "Ele destrói famílias, oprime moradores e espalha drogas e violência pelas cidades [...] E matar criminosos, então, parece a solução", narra o reels.

Segundo o vídeo, ações como a Operação Contenção, que matou 119 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital fluminense, "também colocam policiais, crianças e famílias inocentes em risco".

"Para combater o crime, precisa mirar na cabeça, mas não de pessoas, tem que atacar o cérebro e o coração dos grupos criminosos. Como o Governo do Brasil fez em agosto, desmontando o esquema que ia da venda de drogas ao maior centro financeiro do país", mencionou ainda o Planalto, relembrando a Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Federal.

“Operação Carbono Oculto” envolveu cerca de 1.400 agentes e mais de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, em oito estados brasileiros: São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A megaoperação investigou um intrincado esquema bilionário no setor de combustíveis com infiltração de integrantes da facção PCC (Primeiro Comando da Capital).

O vídeo defende, ainda, a PEC da Segurança Pública, enviada pelo governo Federal para o Congresso Nacional.

A PEC inclui na Constituição o Fundo Nacional de Segurança Pública e o Fundo Penitenciário Nacional. A PEC também inclui as guardas municipais no rol dos órgãos de segurança pública previstos na Constituição.

Conforme a proposta, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) passará a se chamar Polícia Viária Federal.

A corporação também terá seu escopo de atuação ampliado para incluir atribuições de policiamento ostensivo em ferrovias e hidrovias, além das rodovias.

"Uma proposta de integrar as polícias para combater o crime", declara o governo. O conteúdo incentiva, ainda, a aprovação da proposta e afirma que o crime "só vai ser vencido" com  só vai "as polícias do país inteiro atuando juntas".

A PEC da Segurança Pública pode ser acelerada no Congresso, após os acontecimentos recentes. 

Lula se manifesta sobre megaoperação coordenada no Rio 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou, nesta quarta-feira (29), uma ação coordenada contra facções no Rio de Janeiro sem risco a inocentes.

É a primeira declaração do presidente após a megaoperação no estado na última terça-feira (28), que deixou, até o momento, mais de 130 mortos, segundo a defensoria do estado.

"Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco", disse Lula.

Foi citada pelo presidente a operação da PF (Polícia Federal), em agosto, voltada ao combate à atuação do crime organizado, mais notadamente a facção PCC (Primeiro Comando da Capital), na cadeia produtiva de combustíveis.

Para o presidente, com a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança, encaminhada ao Congresso Nacional em abril, "vamos garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas".