Quem é Ricardo Lewandowski, novo ministro da Justiça de Lula

Enrique Ricardo Lewandowski substituirá Flávio Dino, que toma posse no Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro

Lucas Schroeder, da CNN, São Paulo
Compartilhar matéria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta quinta-feira (10) que Ricardo Lewandowski será o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, substituindo Flávio Dino, que integrará o Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de fevereiro.

Enrique Ricardo Lewandowski tem 75 anos e é natural da cidade do Rio de Janeiro. Formou-se em ciências políticas e sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) em 1971. Dois anos mais tarde, graduou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (FDSBC).

É mestre (1980), doutor (1982) e livre-docente em direito de Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1994). Obteve ainda o título de Master of Arts, na área de relações internacionais, pela Fletcher School of Law and Diplomacy, da Tufts University, nos Estados Unidos.

Lewandowski exerceu a advocacia entre 1974 e 1990, tendo sido conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo entre 1989 e 1990. Ele ocupou também os cargos de Secretário de Governo e de Assuntos Jurídicos de São Bernardo do Campo - entre 1984 e 1988 - e também de presidente da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo (Emplasa) no biênio 1988-1989.

O novo ministro da Justiça ingressou na magistratura como juiz do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo, pelo Quinto Constitucional da classe dos advogados (1990 a 1997). Foi promovido desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), por merecimento, onde integrou, sucessivamente, a Seção de Direito Privado, a Seção de Direito Público e o Órgão Especial (1997 a 2006). Foi eleito e exerceu o cargo de vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) entre 1993 e 1995.

Em 2006, foi indicado ao STF por Lula para substituir o ministro Carlos Velloso, cargo que ocupou até abril de 2023. No Supremo, Lewandowski foi revisor da Ação Penal 470, popularmente conhecida como “Mensalão”. Exerceu a Presidência da Corte entre os anos de 2014 e 2016, tendo inclusive liderado o julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff no Senado Federal.

Foi também ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 2006 e 2012, presidindo a Corte de 2010 a 2012, ocasião em que coordenou as eleições presidenciais de 2010, nas quais defendeu a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa.

Processos de destaque no STF

Entre os processos relatados por Lewandowski no Supremo, destacam-se:

  • ADPF 186 e RE 597.285, em que se decidiu pela constitucionalidade do sistema de reserva de vagas nas universidades públicas com base em critério étnico-racial, bem como para estudantes egressos do ensino público;
  • RE 579.95, no qual se resolveu que a contratação de parentes de autoridades para o exercício de cargos públicos viola a Constituição Federal, tendo sido editada, na sequência, a Súmula Vinculante n.º 13, que veda o nepotismo em qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
  • ADI 1.969, que resultou na declaração de inconstitucionalidade de decreto do Distrito Federal que proibia a realização de manifestações públicas na Praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios e Praça do Buriti;
  • RE 592.581, em que se reconheceu a competência do Judiciário para determinar reformas em presídios, com o fim de garantir a incolumidade física e moral dos detentos;
  • HC 143.641, habeas corpus coletivo mediante o qual forma libertadas da prisão ilegal milhares de gestantes, lactantes e mães de presas de crianças até doze anos e de deficientes físicos; e
  • ADI 6.586, na qual ficou assentado que a imunização contra a Covid-19 é compulsória, podendo ser implementada mediante restrições indiretas, vedada a vacinação forçada.

Atuação no CNJ

Como presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi responsável, além de outras ações, pela implantação das audiências de custódia, nos 26 estados e no Distrito Federal, nas quais um juiz decide o destino imediato de uma pessoa presa em flagrante, que lhe deve ser apresentada no prazo máximo de 24 horas.

Ocupou também o cargo de professor titular de teoria geral do estado, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), sendo posteriormente aprovado em concurso público de provas e títulos (2003). Leciona na instituição há quatro décadas, após ingressar como docente voluntário (1978). Chefiou o Departamento de Direito do Estado (2004 a 2006) e coordenou o curso de mestrado em direitos humanos da USP (2005 a 2006).

É autor de diversos livros, como “Proteção dos Direitos Humanos na Ordem Interna e Internacional”; “Pressupostos Materiais e Formais da Intervenção Federal no Brasil”; “Globalização, Regionalização e Soberania”, além de inúmeros artigos e estudos científicos.

Entre as honrarias que recebeu destacam-se as Medalhas da Ordem de Rio Branco, do Mérito Naval, do Mérito Militar, do Mérito Aeronáutico e do Congresso Nacional.