Especialista da Fiocruz enxerga liberação de shows como ‘temerária’

Prefeito Eduardo Paes anunciou que pretende publicar um decreto para liberar shows no Rio mediante o cumprimento de medidas sanitárias

Ana Lícia Soares, da CNN, no Rio de Janeiro
Show do cantor Gusttavo Lima em festa no hotel Copacabana Palace
Prefeito Eduardo Paes anunciou que pretende publicar um decreto para liberar shows no Rio mediante o cumprimento de medidas sanitárias  • Foto: Reprodução
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A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalmoco, disse à CNN que teme pela possibilidade de liberação de shows na cidade do Rio de Janeiro. 

“Eu acho que vai assumir o risco. Isso implica em algum grau de risco. A não ser que todas as pessoas sejam testadas, mas lembrando que algum doente assintomático pode transmitir. Isso é temerário. Algum grau de risco há”, afirma Dalcomo. 

A pesquisadora disse ainda não entender como seriam os protocolos sanitários. “O que eu não entendo é como na prática isso se daria”.

Em coletiva à imprensa, na última sexta-feira (14), o prefeito Eduardo Paes anunciou que pretende publicar um decreto para liberar shows no Rio mediante o cumprimento de medidas sanitárias, entre elas testagem rápida do público. A decisão, segundo Paes, seria divulgada no Diário Oficial do Município desta segunda-feira (17). 

Apesar do anúncio, o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, disse que a publicação será sobre o protocolo que deverá ser cumprido pelo setor de evento. 

A ideia é que também haja exigências para o público, como comprovação de diagnóstico negativo para a Covid-19 em exame feito 12 horas antes do evento.  Pessoas acima de 60 anos deverão mostrar comprovante de vacinação.

A avaliação da Prefeitura acontece ao mesmo tempo que a Fiocruz terá que suspender a produção de vacinas porque o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) que tem disponível, neste momento, deve acabar em meados da próxima semana, antes do previsto, o que pode gerar uma pausa na produção. 

A Fundação espera receber novas remessas da China nos próximos sábados (22 e 29 de maio). Se isso e fato acontecer, a Fiocruz garantirá as entregas das três primeiras semanas de junho.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), somente entre março e dezembro do ano passado, o setor de eventos registrou prejuízo de R$ 270 bilhões com a pandemia do novo coronavírus. Três milhões de pessoas ficaram desempregadas. O segmento representa 13% do Produto Interno Bruto (PIB) e tem 60 mil empresas que dependem diretamente da realização de eventos para funcionar, além de 2 milhões de microempresários.