Como Copa do Mundo de Clubes deve aquecer turismo nos EUA e impactar Brasil
Fifa estimou receber público total de 3,7 milhões, entre torcedores locais e internacionais, e ter ganho de até US$ 21,1 bilhões em PIB global

O formato inédito da Copa do Mundo de Clubes da Fifa aqueceu o mercado turístico nos Estados Unidos — país que recebe o megaevento futebolístico em 2025 — e no mundo. A entidade estimou receber um público total de 3,7 milhões, entre torcedores locais e internacionais, sendo que a primeira rodada do torneio recebeu um acumulado de 556.369 pessoas no estádio — uma média de 34.773 por partida.
Entre os impactos do Mundial de Clubes, a Fifa estimou um ganho de até US$ 21,1 bilhões (cerca de R$ 116,3 bilhões) em PIB (Produto Interno Bruto) global, sendo US$ 9,6 bilhões (aproximadamente R$ 52,9 bilhões) só nos EUA. A entidade afirmou que também pode haver a criação de cerca de 105 mil empregos no país.
Especialistas ouvidos pelo CNN Viagem&Gastronomia afirmaram que o aquecimento social e econômico causado pelo megaevento ativa setores como hospedagem, transporte, alimentação, comércio, turismo e lazer. Além disso, também estimula o investimento em infraestrutura, cria empregos temporários e projeta a cidade no cenário internacional.
"Comportamentos como estender a estadia, visitar pontos turísticos e compartilhar experiências nas redes ampliam o alcance do evento e fortalecem a economia local", comentou Ricardo Uvinha, diretor da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo) e especialista em esportes e lazer.
A escolha de 11 cidades para receber o Mundial de Clubes não é à toa, segundo Fillipe Romano, doutor em turismo pela USP (Universidade de São Paulo). Ele explica que os megaeventos esportivos distribuem os jogos em vários municípios do país-sede para incentivar o deslocamento de turistas.
"O encantamento do turista esportivo fará com que ele tenha intenção de retornar ao país em outro momento, bem como será um meio de divulgação do país-sede para outros potenciais turistas", diz ele.
Como a Copa de Mundo de Clubes afeta o Brasil
A influência da competição cruza as fronteiras da nação norte-americana e afeta até mesmo o Brasil, berço de grandes clubes e com algumas das maiores torcidas do mundo.
"A presença de times brasileiros atrai visibilidade internacional, impulsiona a venda de produtos oficiais, eleva a audiência televisiva e movimenta o turismo esportivo, com milhares de torcedores viajando para acompanhar seus ídolos, o que aquece setores como aviação, agências e serviços", explica Uvinha.

Para Romano, o Mundial de Clubes afeta o Brasil tanto fora quanto dentro de campo. Ele ainda argumenta que isso pode trazer benefícios estratégicos para a imagem do país.
"Nas arquibancadas, as torcidas brasileiras estão sendo destaque, com sua forma de apoiar o clube, os cânticos, a uniformização, os materiais, como bandeiras de mastro, mosaicos. Isso também se torna um marketing importante para os próximos eventos que vamos sediar", comenta Romano.
O possível bom desempenho de times brasileiros — Fluminense, Botafogo, Flamengo e Palmeiras — no Mundial de Clubes também ajuda a reforçar a imagem global do Brasil como potência do futebol, segundo Uvinha.
"Podendo fomentar oportunidades para acordos comerciais, esportivos e turísticos, além de incentivar investimentos em infraestrutura e categorias de base", completa.
Turismo excessivo

Apesar dos ganhos econômicos e sociais, o país-sede de grandes competições pode gerar impactos negativos nas cidades-sede quando há falta de planejamento, segundo Uvinha, e provocar excesso do turismo nesses municípios. A alta demanda pode afetar setores como hospitais, transporte, segurança, saneamento e habitação.
"Para evitar esses efeitos, é essencial que as cidades disponham de infraestrutura sólida: transporte público eficiente, rede hoteleira diversificada, sistemas de emergência preparados, conectividade tecnológica, ações sustentáveis e participação ativa da comunidade local. Com gestão estratégica, o torneio pode gerar benefícios duradouros e evitar sobrecargas urbanas", finaliza o diretor da EACH.
Com planejamento estratégico e foco em legados duradouros, especialistas argumentam que o Mundial de Clubes pode ser muito mais do que um torneio esportivo. Para eles, a competição pode se tornar um motor de desenvolvimento turístico nos países-sede e uma vitrine global para nações apaixonadas pelo futebol, como Brasil e Argentina.