Palestinos fogem da Cidade de Gaza enquanto Israel lança ataque terrestre

O ministro de Defesa, Israel Katz, afirmou que o país está atacando a infraestrutura terrorista do Hamas em prol da libertação dos reféns

Oren Liebermann, da CNN
Milhares de palestinos deslocados da Cidade de Gaza.
Milhares de palestinos deslocados estão tentando se mudar para o sul na terça-feira depois que forças israelenses lançaram um ataque terrestre à Cidade de Gaza.  • Mahmoud Issa/Reuters via CNN Newsource
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Israel lançou um ataque terrestre expandido à Cidade de Gaza nesta terça-feira (16), desafiando a condenação internacional, enquanto palestinos fugiam em ondas da maior área urbana do enclave em meio a bombardeios crescentes.

A esperada incursão começou nos arredores da cidade, de acordo com autoridades, onde as forças israelenses intensificaram seus ataques aéreos e a destruição de torres altas na semana passada.

“Gaza está em chamas”, escreveu o Ministro da Defesa, Israel Katz. Ele afirmou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) estavam “atacando a infraestrutura terrorista” e trabalhando para garantir “a libertação dos reféns e a derrota do Hamas”.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que Israel está em um “estágio crítico” da guerra, ao atacar a Cidade de Gaza, que seu governo considera um dos últimos redutos do Hamas.

O ataque ocorre em um momento em que as Nações Unidas e outros alertam que o ataque agravará uma crise humanitária já grave, com partes de Gaza oficialmente declaradas em estado de fome.

Aproximadamente 1 milhão de pessoas — quase metade da população do território — vivem na Cidade de Gaza e arredores.

Israel tentou forçar a evacuação da população local, mas as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que apenas cerca de 40% da população saiu até o momento, números que a CNN não pode confirmar de forma independente.

 

Condenação internacional

A decisão de Netanyahu de prosseguir com a operação, apesar da crescente condenação internacional e das preocupações de suas próprias autoridades de segurança, ressalta sua disposição de desafiar a pressão global para travar uma guerra em seus próprios termos.

Na terça-feira (16), uma investigação independente da ONU concluiu que Israel está cometendo genocídio em Gaza, determinando, em parte, que os civis no enclave devastado "foram coletivamente alvos por causa de sua identidade como palestinos".

Israel disse que “rejeita categoricamente o relatório distorcido e falso” e pediu a abolição da comissão.

A Cidade de Gaza, que escapou em grande parte do destino de cidades devastadas como Rafah e Khan Younis durante quase dois anos de guerra, agora enfrenta o mesmo cenário sombrio.

No primeiro dia de incursão israelense, pelo menos 93 palestinos foram mortos somente no norte de Gaza, e mais de 100 em todo o enclave, de acordo com o Ministério da Saúde e autoridades de saúde de Gaza.

Abalados por uma noite de intensos ataques aéreos, os moradores da Cidade de Gaza carregavam o pouco que lhes restava enquanto tentavam fugir.

Imagens da CNN mostraram casas destruídas no bairro de Sheikh Radwan, algumas completamente arrasadas, com pessoas arrastando sacolas e cobertores pelos escombros enquanto buscavam abrigo mais ao sul.

Drones israelenses sobrevoavam a área enquanto moradores locais contavam à CNN que o bombardeio noturno foi um dos mais intensos que eles já viram em meses.

Maysar Al Adwan, da Cidade de Gaza, que carregava colchões e cobertores na cabeça, com suor escorrendo pelo rosto, disse que não conseguiu dormir a noite toda.

"Medo, medo, é tudo medo", disse ele à CNN. "Explosões acima de nossas cabeças, o dia todo", acrescentou.