Protestos pró-Palestina: Mais de 2.300 pessoas são presas nos Estados Unidos
Principal exigência dos manifestantes é "desinvestimento" em empresas relacionadas a Israel


Protestos pró-Palestina dominam as universidades dos Estados Unidos desde o dia 18 de abril. Mais de 2.300 pessoas foram presas em todo o país, de acordo com análise da CNN.
As detenções aconteceram em mais de 45 campi em 25 estados, incluindo prisões de estudantes e professores. Alguns ficaram feridos durante ação policial.
Isso acontece em um período em quem diversas instituições do ensino superior se preparam para as cerimônias de formatura da primavera. A Universidade do Sul da Califórnia, onde quase 100 manifestantes foram presos em 24 de abril, cancelou seu evento de formatura principal.
Além disso, a violência entre grupos de manifestantes acarretaram o cancelamento de aulas na Universidade do Sul da Califórnia.
O dia com mais prisões foi 30 de abril, quando 400 manifestantes foram detidos, de acordo com uma análise da CNN a partir de declarações de universidades e autoridades.
O que causou os protestos?
Desde 7 de outubro, quando o Hamas atacou o sul de Israel e deu início à guerra na Faixa de Gaza, os relatos de atos antissemitas nos EUA e, em particular, nos campi universitários aumentaram. Além disso, a islamofobia também proliferou.
A situação na Universidade de Columbia piorou quando a presidente da instituição, Nemat “Minouche” Shafik, testemunhou perante um comitê da Câmara dos Deputados sobre a resposta da instituição às alegações de antissemitismo no campus.

Após isso, Shafik solicitou que o Departamento de Polícia da cidade de Nova York retirasse as pessoas que estavam acampadas no campus da universidade, pois estariam “violando as regras e políticas da universidade e invadindo o campus”.
Outros protestos se seguiram em apoio aos manifestantes de Columbia.
O que querem os manifestantes?
As exigências de protesto variam de campus para campus, mas o foco principal é que as universidades se desfaçam de empresas com laços financeiros com Israel no meio da sua guerra com o Hamas.
Em Columbia, por exemplo, estudantes exigiam que a universidade corte laços com instituições acadêmicas israelenses e se comprometa com um “desinvestimento total” dos seus fundos de entidades relacionadas com Israel, entre outras coisas.
A questão do “desinvestimento” também surgiu em outros campi, onde os manifestantes requisitaram que parassem os investimentos em empresas que vendem armas, equipamento de construção, serviços tecnológicos e outros itens a Israel.
As universidades se recusaram em grande parte a ceder a esta exigência e os especialistas dizem que o desinvestimento pode não ter um impacto significativo nas próprias empresas.
Além disso, muitas pessoas estão defendendo o cessar-fogo em Gaza.
Os movimentos de protesto em algumas universidades também apelam aos responsáveis escolares para que protejam a liberdade de expressão e evitem que os estudantes sejam punidos por participarem dos protestos.
Veja outras reivindicações dos protestos através desta matéria.
Reação de líderes dos Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que os americanos têm o direito de se manifestar, mas não de promover a violência.
“Há o direito de protestar, mas não o direito de causar o caos”, disse Biden em uma declaração na Casa Branca.
Ele pontuou que ambos os lados tinham razão, que a dissidência pacífica era fundamental para uma democracia, mas que a violência não seria tolerada.
“Destruir propriedades não é um protesto pacífico. É contra a lei. Vandalismo, invasão de propriedade, quebra de janelas, fechamento de campi, forçando o cancelamento de aulas e formaturas – nada disso é um protesto pacífico”, disse ele.
Biden disse que os Estados Unidos não são uma nação autoritária que silencia os críticos, mas que “a ordem deve prevalecer”.
Já Donald Trump, que disputará a Presidência dos EUA com Biden em novembro, afirmou que “foi uma coisa linda de se ver” policiais de Nova York entrando em um prédio da Universidade de Columbia ocupado por manifestantes pró-palestinos.
O ex-presidente chamou as pessoas que protestavam de “lunáticos furiosos e simpatizantes do Hamas”.
No dia 3 de maio, o governo Biden enviou uma carta aos reitores de faculdades e universidades condenando incidentes “abomináveis” de antissemitismo nos campi e enviando os recursos disponíveis.