
Revolta da Cabanagem ensina sobre os desafios da COP30
Ao CNN Novo Dia, o historiador Michel Pinho destaca como a história da capital paraense pode contribuir para discussões climáticas globais
A história de Belém do Pará, que sediará a COP30 este ano, traz importantes ensinamentos sobre a relação entre desenvolvimento humano e preservação ambiental na Amazônia. A cidade, que teve sua origem no Forte do Presépio, às margens da Baía do Guajará, representa um exemplo único de ocupação territorial que integra aspectos urbanos e naturais. À CNN, o historiador Michel Pinho diz que a relação do cidadão com a natureza "foi construída".
A região, tradicionalmente habitada pelos Tupinambás, demonstra como a floresta amazônica não é apenas um fenômeno natural, mas resultado de uma construção histórica da relação entre homem e natureza. O manejo de produtos como castanha, taperebá e açaí evidencia a possibilidade de convivência sustentável com a floresta, uma prática milenar das populações originárias.
Forte do Presépio e a expansão territorial
O Forte do Presépio, marco inicial da cidade, serviu como ponto estratégico para a ocupação de cerca de 60% do território da colônia portuguesa. A partir de Belém, era possível alcançar as fronteiras do que hoje são Bolívia, Guianas e Mato Grosso, demonstrando o protagonismo histórico da cidade na formação do Brasil.
O desenvolvimento urbano de Belém apresenta uma relação particular com o ambiente natural. As imagens de satélite mostram a cidade como um ponto em meio à floresta, evidenciando um processo de ocupação que, embora tenha gerado conflitos, não negou completamente a natureza, mas a reconfigurou.
Legado da Cabanagem
A Revolta da Cabanagem, movimento social que resultou na morte de 30 mil pessoas, representa uma das maiores mobilizações populares da história do Brasil. O levante lutou por direitos políticos, respeito às culturas indígenas e liberdade para a população negra, constituindo um exemplo de resistência contra a exploração e busca por direitos civis.
Essa herança histórica de luta e resistência pode contribuir para as discussões atuais sobre mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável, demonstrando a importância da participação social nas decisões sobre o futuro da região amazônica.