Belém em cada garfada: um dicionário para decifrar os sabores da Amazônia
Um pequeno guia saboroso para entender a gastronomia paraense: ingredientes, pratos e tradições que fazem de Belém uma das capitais mais autênticas da culinária brasileira

Belém é hoje uma das capitais gastronômicas mais vibrantes do Brasil. Desde que foi reconhecida pela Unesco como Cidade Criativa da Gastronomia, em 2015, a capital paraense passou a ocupar o mapa mundial da boa mesa, celebrada por chefs, pesquisadores e viajantes em busca de sabores autênticos. A força dessa cozinha vem da Amazônia e das mãos de quem transforma o que vem da floresta em cultura, história e identidade.
Com raízes indígenas e influência portuguesa e africana, a culinária paraense fala um idioma próprio, feito de ingredientes únicos e expressões locais que revelam a alma do território. O açaí que acompanha peixe frito, o tucupi que precisa ferver por horas, o jambu que faz a boca formigar - tudo em Belém tem gosto de pertencimento e memória.
Agora, com a COP30 marcada para acontecer na cidade em 2025, Belém está mais na rota do que nunca. O mundo volta os olhos para a Amazônia e, com ela, para a riqueza dos saberes, sabores e modos de vida local. A gastronomia emerge como uma das formas mais potentes de compreender essa região, um elo entre natureza, tradição e sustentabilidade.
Este dicionário gastronômico é um convite a mergulhar nesse universo de aromas, histórias e significados. Um guia para decifrar o vocabulário saboroso que faz de Belém um destino essencial para quem quer entender o Brasil pela comida e perceber, na mesa paraense, a grandiosidade da floresta e do povo.
Entre tantos ingredientes e receitas que definem o Pará, destacamos alguns clássicos que ajudam a entender e saborear Belém desde a primeira visita.
Ingredientes típicos do Pará:

Açaí – No Pará, essa frutinha de cor roxa é consumida como acompanhamento salgado, geralmente com peixe frito ou camarão seco, e não em tigela doce como no restante do Brasil. Os sorvetes de açaí também fazem sucesso.
Tucupi – Caldo amarelo extraído da mandioca brava, precisa ser fervido por horas para perder o veneno natural. Base de pratos icônicos como pato no tucupi e tacacá.
Jambu – Erva amazônica que provoca leve dormência na boca; essencial em pratos como tacacá e pato no tucupi.
Camu-camu – Fruta ácida e rica em vitamina C, usada em sucos e sobremesas.
Cupuaçu – Fruta amazônica de sabor intenso e perfumado, usada em cremes, mousses, bombons e geleias.
Bacuri – Fruta amazônica de polpa branca, doce e muito aromática, bastante presente em sobremesas.
Castanha-do-pará (ou castanha-do-Brasil) – Semente amazônica consumida in natura, torrada ou usada em pratos e doces.
Priprioca – Raiz aromática usada na perfumaria e também em infusões e sobremesas.
Receitas emblemáticas do Pará que revelam o sabor da Amazônia:

Tacacá – Caldo quente de tucupi com goma de mandioca, camarão seco e jambu.
Pato no tucupi – Pato assado servido em molho de tucupi com folhas de jambu.
Maniçoba – Conhecida como a "feijoada paraense", leva carnes de porco e boi misturadas às folhas de mandioca cozidas por dias.
Caldeirada paraense – Ensopado de peixe com tucupi, jambu e temperos amazônicos.
Arroz paraense – Arroz preparado com tucupi, jambu, camarão seco e farinha de tapioca.
Peixes amazônicos – Tambaqui, pirarucu, filhote, dourada, tucunaré, pescados emblemáticos da região, preparados assados, fritos ou em moquecas.


