Saiba quais os cuidados e as regras no transporte de pets em viagens de avião
Vai viajar ao lado de seu bichinho de estimação? É necessário se atentar a documentos e cuidados com a saúde e o conforto do animal durante o trajeto; entenda

Os melhores amigos do homem também têm seu espaço garantido na hora de viajar de avião. Seja em voos nacionais ou internacionais, algumas regras, porém, se aplicam na hora dos tutores transportarem seus pets.
Além da taxa cobrada pelas companhias aéreas, há obrigatoriedade de vacinas e apresentação de documentos, assim como os bichinhos devem ser devidamente acomodados dentro de uma caixinha de transporte.
Atenções redobradas com a saúde dos animais durante o trajeto e até preparos que antecedem a viagem completam os cuidados que os “pais de pet” devem ter em deslocamentos de avião.
Transporte pelo ar
O traslado de cargas vivas não é necessariamente uma novidade, mas o transporte de bichos de estimação tem feito cada vez mais manchetes mundo afora – a exemplo da fuga de um cachorro em Congonhas e a autorização da viagem de uma tutora ao lado de seu coelho.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), com dados da Euromonitor correspondentes a 2021, o Brasil possui 149,6 milhões de animais, entre cães, gatos, peixes e aves ornamentais, entre outros.
Os números apontam que cachorros totalizam 58,1 milhões destes animais e gatos somam 27,1 milhões.
E o número de pets levados junto de seus tutores em viagens pelo ar também anda crescendo: a companhia aérea Air Europa, por exemplo, registrou neste ano um aumento de 271% na quantidade desses animais nos aviões da empresa quando comparado a 2019.
A companhia aponta que até 25 de setembro deste ano recebeu 765 pets, o que gerou uma receita de mais de US$ 66 mil para a empresa. Em 2019, durante o ano todo, foram 206 animais transportados.
Afinal, quem pode ir no avião?
As principais companhias aéreas brasileiras, como Latam, Azul e Gol, consideram apenas cães e gatos como pets que podem viajar em suas aeronaves – que devem ter pelo menos quatro meses de idade.
Outras espécies de animais, porém, podem ser transportadas nos braços cargueiros destas companhias.
Voos de longa duração da maior parte das companhias, geralmente os internacionais, usualmente também aceitam apenas cães e gatos.
O número de animais de estimação dentro dos voos também é controlado: voos da Azul, por exemplo, aceitam um pet para cada passageiro – a bordo são permitidos apenas até três animais em voos domésticos e cinco em voos internacionais.
Na Air Europa já são permitidos cinco animais por pessoa, em que até três deles podem ser levados na cabine desde que estejam em um mesmo contentor ventilado, sejam da mesma raça e não ultrapassem as medidas e peso permitidos.
Vale ressaltar ainda que a maior parte das companhias aéreas não permite que cães e gatos braquicefálicos (aqueles que têm o focinho achatado, como no caso de pugs, bulldogs, shih tzus, boxers, entre outros) sejam transportados no porão em razão da sensibilidade destes raças a condições adversas que podem surgir nesta parte da aeronave.
A orientação geral é checar diretamente com o site e os canais de atendimento de cada empresa para saber detalhadamente todas as regras. Mas atenção: sempre que possível, é recomendado comprar a passagem e solicitar tais serviços com o máximo de antecedência.

Quanto custa o transporte de pets?
O transporte dos pets numa mesma aeronave pode ser feito na cabine junto dos tutores ou ainda no compartimento de carga.
As companhias aéreas praticam preços diferentes para cada modalidade e os preços mudam ainda se o trecho for nacional ou internacional.
Além da passagem do tutor, os preços para se levar um pet na cabine em voos nacionais podem custar a partir de R$ 200.
É o caso da Latam, que ainda cobra US$ 250 (cerca de R$ 1.324 no câmbio atual) para viagens de mais de seis horas, ou seja, trajetos internacionais de longa duração.
Já o transporte no porão começa a partir de R$ 500 e varia de acordo com o peso dos animais.
Mais uma vez, a recomendação é entrar em contato direto com as companhias aéreas ou checar seus sites oficiais, já que as diretrizes mudam de empresa para empresa.
Como é feito o transporte de pets?
Seja na cabine ou no porão do avião, todos os pets, obrigatoriamente, devem ser transportados dentro de uma caixa específica, a qual pode ser considerada bagagem de mão ou objeto despachado.
A exceção fica por conta dos cães-guia, cães-ouvintes e animais de assistência emocional (ESAN), que não precisam de caixa, já que desempenham papéis específicos de auxílio aos seus tutores.
As medidas das caixas são reguladas pelas companhias aéreas, que seguem diretrizes gerais da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA).
Em linhas gerais, o transporte na cabine é feito com pets de porte pequeno, em que, em média, o peso combinado do animal e da caixa não passa dos 7 kg. A exceção nacional é da Azul*, que permite o transporte de cães e gatos com até 10 kg (animal + container) na cabine.
Na cabine, a caixa, também chamada de kennel, não pode ficar no colo dos tutores ou nos assentos ao lado. Ela deve caber embaixo do assento da frente em posição horizontal e ser feita de material resistente que o pet não possa destruir ou sair com facilidade.
“Para a segurança do animal e dos outros passageiros é obrigatório que ele vá dentro de uma caixinha de transporte desde que tenha uma mobilidade. Ele deve ficar de pé confortavelmente, tem que conseguir dar uma volta de 360° e tem que ser ventilado”, explica o médico-veterinário Leonardo Natividade, que atua há 22 anos na área e baseia suas atividades em São Paulo.
Ele ainda chama a atenção para o fato de que algumas caixinhas já são comercializadas com recipientes interiores para alimentos e água.
Também é recomendado que haja um tapete higiênico ou fralda, já que a boa higiene é um dos requisitos das companhias aéreas para que os bichinhos embarquem.
Já nos porões e aviões de carga, os tamanhos das caixas variam de acordo com o tamanho dos animais.
Quais documentos são necessários?
Para mostrar que o pet é saudável e está apto a viajar de avião de acordo com regras nacionais e internacionais, alguns documentos são obrigatórios de serem apresentados.
Em voos domésticos, é exigido um atestado de saúde do animal, que pode ser emitido por um médico-veterinário com pelo menos 10 dias de antecedência à viagem. Além do nome e dados do dono, o documento deve conter informações completas do animal de estimação, como raça, nome, idade, origem e pedigree (se houver).
Também é necessário o comprovante de vacinação antirrábica – vacina obrigatória para animais a partir de três meses de idade.
Para viagens internacionais, além dos documentos acima, é necessário que o tutor tenha o Certificado Veterinário Internacional (CVI), que é emitido pela Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e atende às exigências do país de destino.
Atualmente, o Ministério da Agricultura já disponibiliza a emissão do CVI para trânsito internacional de cães e gatos para 11 países de forma eletrônica. São os países: Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Japão, México, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
Porém, a partir de 1 de novembro deste ano, a modalidade pela internet também passou a ser aplicada para países da União Europeia, Noruega e Suíça.
Para os demais países com o CVI presencial, o passageiro deve contatar uma unidade do Vigiagro com pelo menos 60 dias de antecedência.
Segundo o Vigiagro, são emitidos anualmente mais de 10 mil CVIs – a quantidade aumenta nos meses de férias.
Há também a opção de tirar o Passaporte para Trânsito de Cães e Gatos, documento que vale para a vida toda do animal, diferente do CVI, que deve ser expedido a cada viagem.
O Passaporte é opcional e vale para o território nacional e certos territórios internacionais. Atualmente, os que aceitam esse documento são apenas membros do Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela), juntamente com Brunei, Colômbia, Gâmbia e Taiwan.
A emissão do passaporte animal também é feita pelo Vigiagro. O prazo de emissão é de 30 dias úteis a partir do momento da apresentação do requerimento à unidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para a concessão deste documento é obrigatório que o animal tenha a identificação eletrônica (microchip), que é lido para a emissão do passaporte antes do embarque do animal nas viagens internacionais e no desembarque dos animais no Brasil.
Em certos destinos nacionais, como Fernando de Noronha, e para todos os destinos internacionais, é sempre recomendável ficar de olho nas exigências específicas e checar nos sites dos órgãos responsáveis todas as documentações necessárias.

Quais os cuidados com os pets em viagens de avião?
Para além dos requisitos e regras, alguns cuidados também se fazem necessários entre os pets e os donos para que a viagem seja mais tranquila.
Uma das preocupações é a difícil adaptação dos cães e gatos dentro das caixinhas de transporte. Para isso, segundo o médico-veterinário Leonardo Natividade, é recomendada uma apresentação da caixa aos bichos entre 30 e 60 dias antes da viagem.
“Os donos podem pegar a caixa de transporte em casa e deixá-las com as portas abertas para que o animal se acostume. Pode-se colocar também algum brinquedo, tapetinho ou cobertor que esse bichinho goste, assim como petiscos lá dentro, para acostumá-lo como uma coisa cotidiana”, diz.
Assim, o principal é acostumar e climatizar os animais nas caixas.
Sobre à saúde do bichinho de estimação no dia da viagem, a IATA recomenda:
- Reduzir a quantidade de comida no dia anterior (mas dê água suficiente);
- Levar o cachorro para passear antes de sair para o aeroporto e novamente antes do check-in;
- Fazer uma refeição leve duas horas de entrar no avião ajuda a acalmá-lo e é uma exigência legal nos Estados Unidos.
Uso de sedativos não é recomendado
Para os bichos muito agitados e ansiosos, pode surgir a dúvida: o uso de sedativos ou tranquilizantes é uma opção?
Segundo a IATA e o médico veterinário Leonardo Natividade, a sedação não é recomendada – sendo até desencorajada no caso do órgão da aviação.
“A sedação não é recomendada, até porque pode existir um déficit respiratório nos bichos”, explica o médico-veterinário.
Medicamentos a base de acepromazina, por exemplo, são os tranquilizantes mais comuns nas viagens de avião devido à sua ação rápida que deprime a atividade motora, bem como o sistema nervoso simpático dos animais.
Estas drogas, porém, não são recomendadas pela IATA (a postura também é endossada pela Associação Médica-Veterinária Americana) já que os animais muitas vezes perdem sua capacidade de se endireitar e o senso de equilíbrio, em que são suscetíveis a lesões e obstrução das vias aéreas devido a posturas anormais.
“Se a sedação ou tranquilização for feita especificamente para a viagem por motivos médicos válidos, isso precisa ser feito sob a orientação de um veterinário e a administração de medicamentos – incluindo tempo e nível de dosagem – deve ser anotada no atestado de saúde”, explica a IATA em suas recomendações para viagens com pets.
Por fim, é aconselhável também identificar o animal de estimação com peças que contenham o nome, endereço residencial e número de telefone, além de uma outra identificação temporária de viagem com o endereço e número de telefone do dono ou de uma pessoa de confiança que possa ser encontrada.