Como é fazer um cruzeiro pelo Rio Danúbio, da Hungria à Alemanha

Navegar por países no coração da Europa é se deparar com vilarejos repletos de história e beleza, com gastronomia e passeios especiais inclusos

Daniela Filomeno, do Viagem & Gastronomia
Daniela Filomeno a bordo do AmaSonata pelo Rio Danúbio
Daniela Filomeno a bordo da embarcação AmaSonata no Rio Danúbio, na Europa  • CNN Viagem&Gastronomia
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Fazer uma viagem pela Europa Central é, no mínimo, fascinante e enriquecedor. Além de capitais com parlamentos, centros antigos e castelos, vários são os vilarejos pitorescos que encontramos pelo caminho e que esbanjam um passado bem preservado.

Mas o que é bom pode ficar ainda melhor: imagine percorrer tudo isso a bordo de um cruzeiro fluvial, com paradinhas estratégicas, imersão cultural e refeições embaladas por música clássica. Esse é um gostinho do que vivi a bordo do AmaSonata, cruzeiro da AmaWaterways pelo Rio Danúbio.

Foram mais de 600 quilômetros de navegação por cinco países: Hungria, Eslováquia, Áustria, República Tcheca e Alemanha. Fiz um roteiro que parte da majestosa Budapeste e chega até a Baviera. No meio do caminho, me surpreendi com cidades como Bratislava, Viena, Melk, Český Krumlov e Passau, todas especiais à sua maneira.

O roteiro também é um spoiler dos programas do CNN Viagem&Gastronomia que vêm pela frente. Em poucas palavras, viajar pelo Danúbio por meio de um cruzeiro fluvial é dar a chance de vermos o cotidiano passar devagar. É entender e apreciar cada paradinha sob uma outra perspectiva, em que cada detalhe é um encantamento permeado de história e cultura.

O cruzeiro

O AmaSonata é uma das embarcações da companhia que faz este trajeto pelo Danúbio. Ele tem 135 metros de comprimento e acomoda 162 passageiros em 81 cabines. Ao todo, são 51 tripulantes. Esses números são semelhantes às outras embarcações da empresa e dão a dimensão de exclusividade e calmaria que reinam pela jornada.

Além do tamanho e da personalização, um dos diferenciais das viagens fluviais é que, no geral, a navegação é muito tranquila, sem aquele balanço que pode incomodar no oceano. Durante o caminho, música ao vivo e apresentações de ópera, música clássica e palestras sobre os destinos marcam a nossa agenda.

Dois restaurantes e bares dão conta de nos satisfazer gastronomicamente. Todas as refeições estão inclusas, assim como vinhos e cervejas no almoço e no jantar. Ao longo do dia há chá da tarde, happy hour e snacks.

Assim como a maioria das embarcações da companhia, a cobertura acomoda um deque externo com piscina aquecida, pista de caminhada e estação de bicicletas. Em terra firme, os passeios também estão inclusos, todos com guias locais. Tem para todos os gostos: uma caminhada mais robusta, passeios de bicicleta às margens do rio, city tour, visitas a castelos e museus, e degustações com foco na culinária local.

As viagens pelo Danúbio duram geralmente sete dias. Recomendo deixar a jornada para perto do verão, quando os dias são mais longos e os encontros e passeios ao ar livre são mais proveitosos - se a temperatura subir muito, não se preocupe: há sempre um refresco disponível na embarcação.

Destaques ao longo do Danúbio

No total, o Danúbio se estende por mais de 2.800 quilômetros e atravessa o coração da Europa, desaguando no Mar Negro. Ele não reúne apenas cenários graciosos, mas foi personagem central ao longo da história, servindo como fronteira norte do Império Romano, conectando o comércio da Europa Central e Oriental na Idade Média, e sendo vital para Impérios, como o Austro-Húngaro e o Império Otomano.

Pelas suas margens, apreciamos e vivemos um pouco esse legado. O pontapé da minha navegação se deu em agosto em Budapeste, capital da Hungria. A cidade é uma potência: une modernidade e passado de um jeito singular.

Entre os "imperdíveis de Budapeste", coloque no roteiro o Castelo de Buda, que abriga o Museu de História e a Galeria Nacional; o mirante Bastião dos Pescadores, que parece ter saído de um conto de fadas; a gótica Igreja de Matias; a imponente Basílica de Santo Estêvão; a Ópera, com concertos ao longo do ano; e a Avenida Andrássy, via nevrálgica da cidade.

À noite, já a bordo, o cruzeiro passa ao lado do Parlamento, que fica iluminado e mostra todo o seu esplendor. É como um cartão-postal fotografado na memória. A primeira parada após a saída foi Bratislava, capital da Eslováquia e terra de contrastes. É a única capital do mundo a fazer fronteira direta com dois países, Áustria e Hungria.

Após a queda do Muro de Berlim e a Revolução de Veludo, a cidade passou a se reinventar. Recuperou o centro histórico, abriu-se ao turismo, desenvolveu arranha-céus e se consolidou como uma capital europeia vibrante com mix de passado medieval e arquitetura contemporânea.

Áustria e adiante

Viena foi o próximo destino. Considero a capital da Áustria uma das mais chiques da Europa. Andar por aqui é se maravilhar com música clássica e arquitetura barroca e neoclássica. A parada teve direito a um concerto especial organizado pela AmaWaterways na antiga Bolsa de Valores. Viena é assim: uma viagem no tempo ao som de Strauss, Beethoven e Vivaldi.

Seguindo viagem, entramos no Vale de Wachau, Patrimônio da Unesco na Áustria, moldado por vinhedos e abadias barrocas - tudo às margens do rio. Passamos pela bela Dürnstein e depois por Melk, uma das paradinhas mais incríveis da viagem. Aqui fica a Abadia de Melk, lar de uma das bibliotecas mais fascinantes do mundo. Abriga mais de 100 mil livros, incluindo do século IV, além de ter uma arquitetura arrebatadora.

Depois, com uma parada na austríaca Linz, escolhi uma excursão de um dia inteiro até a República Tcheca. O destino foi a pequena e potente Česky Krumlov, uma das mais visitadas do país. É uma joia medieval com centro histórico na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco. É pequena, mas grandemente charmosa: ruas de paralelepípedo, casas renascentistas coloridas e um castelo imponente dominam a paisagem. É perfeita para se perder entre vielas, pontes e cantinhos - só não esqueça de voltar para a embarcação!

Por fim, entramos na Alemanha, destino final. Aqui, meu destaque vai para Passau, na Baviera. Conhecida como a "Cidade dos Três Rios", teve uma importância considerável no poder político dentro do Sacro Império Romano. Hoje, também traz ares joviais por ser uma cidade universitária. O Castelo de Passau, do século XIII, é o ponto mais visitado, mas não perca as cervejarias - afinal, estamos na Alemanha.

Esses são apenas alguns dos meus destaques de uma viagem pelo Danúbio. Vale ressaltar que a AmaWaterways, representada no Brasil pela Velle, possui vários roteiros temáticos pela região, com diferentes embarcações e datas de saídas.

 

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