Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    “Guerra começou”, avalia professor de Relações Internacionais

    À CNN, professor de Relações Internacionais da FAAP Carlos Gustavo Poggio disse que Putin pode derrubar presidente da Ucrânia e colocar líder "fantoche"

    Anna Gabriela Costada CNN , em São Paulo

    Em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (24), o professor de Relações Internacionais da FAAP Carlos Gustavo Poggio avaliou o cenário de tensão no leste da Ucrânia após o presidente russo, Vladmir Putin, anunciar uma “operação militar especial” na região de Donbas. Na avaliação do professor, a “guerra começou” e Putin pode planejar uma “troca de presidentes” na Ucrânia.

    Em discurso nesta madrugada, Putin anunciou a operação na região que é controlada por separatistas pró-Rússia; área que ele declarou independente nesta semana.

    “Primeira coisa, a guerra começou, se havia alguma dúvida de que Vladmir Putin estava disposto a ir até as últimas consequências, ele tem deixado isso muito claro no discurso dele. Ele não tem dito que irá parar apenas nessas regiões, ele tem dito que a Ucrânia não tem direito de existir como uma nação soberana, basicamente é isso”, comentou o professor.

    Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (22), Putin afirmou que os acordos de Minsk não existem mais e que vão fornecer às regiões separatistas “ajuda apropriada”, inclusive com assistência militar. Putin desencorajou a Ucrânia a se juntar à Otan e acusou o país do Leste Europeu de planejar adquirir armas nucleares, o que classificou como uma ameaça. Ele, então, disse que deve haver uma desmilitarização da Ucrânia.

    “Ele [Putin] falou que vai desmilitarizar a Ucrânia, não está claro o que ele quer dizer com isso. Creio que o plano dele – no campo da especulação – talvez seja derrubar o atual presidente Zelensky e colocar um presidente fantoche”, disse Poggio.

    “Putin não vai parar na região oriental da Ucrânia, estamos diante de um momento crucial das relações internacionais”, acrescentou o entrevistado.

    O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, que pare de “atacar a Ucrânia” e dê uma chance à paz. O pronunciamento ocorreu durante reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas na madrugada desta quinta-feira (24).

    “Toda essa arquitetura de segurança é um tapa na cara do Ocidente, minutos depois de um encontro do Conselho de Segurança da ONU para discutir essa questão. Ele parece não estar nem um pouco preocupado com isso, Putin está decidido a desrespeitar a ONU”, afirmou o professor.

    “Não devemos esperar nenhum tipo de ação por parte da ONU que não seja pedir para dar uma chance à paz”.

    “Resposta dos países europeus darão o tom do Ocidente”, diz professora

    A coordenadora de Relações Internacionais da FAAP, Fernanda Magnotta, também falou à CNN, na madrugada desta quinta-feira (24), sobre a tensão desencadeada na Ucrânia após invasão militar russa.

    A professora avaliou a reação dos países do Ocidente e afirmou que os países europeus “darão o tom” sobre as reações a partir de agora.

    “O tamanho da resposta dos países europeus darão o tom se o Ocidente comprou a narrativa oficial – de que se trata de ação pontual da russa – ou se o Ocidente descartou essa ideia e já comprou a ideia de uma guerra generalizada”, disse.

    Para a professora, o horário do início do conflito – na madrugada – é um movimento estratégico da Rússia, que sabe que as reações dos líderes mundiais virão horas após o ocorrido.

    “A crise é concreta, é dura, e vai depender do ponto de vista da escalada das reações, principalmente vindas do ocidente. Estamos no meio da madrugada aqui na ala oeste do mundo, lá o amanhecer começa agora; é um horário estratégico para esse tipo de ação, porque o tempo de resposta das lideranças obviamente leva em consideração essas questões”, explica.

    O presidente norte-americano, Joe Biden, deverá anunciar medidas concretas após se reunir com outras lideranças e aliados, disse a professora.

    Entenda o conflito

    Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia está aumentando a pressão sobre seu ex-vizinho soviético, ameaçando desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.

    A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.

    A mobilização provocou alertas de oficiais de inteligência dos EUA de que uma invasão russa pode ser iminente.

    Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não chegaram a uma conclusão. Foi reconhecida por Vladimir Putin, na segunda-feira (21), a independência de Donetsk e Luhansk, duas áreas separatistas ucranianas.

    Mapa da Ucrânia
    Mapa da Ucrânia com destaque para as regiões de Donetsk e Luhansk / Foto: Reprodução/CNN Brasil

    A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.

    Tópicos