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    Eleições 2022

    85 governadores não terminaram o mandato desde a redemocratização

    Candidaturas ao Senado são o motivo mais comum das interrupções, mas denúncias de corrupção e até candidaturas de filhos já levaram a renúncias

    Gabriela GhiraldelliLeonardo RodriguesSalma Freuada CNN , em São Paulo

    Em 2022, seis governadores deixaram seus cargos antes de completarem quatro anos na função. Eles fazem parte de um total de 85 chefes do Executivo estadual que não concluíram seus mandatos desde a volta das eleições diretas para o Executivo estadual, em 1983 – dois anos antes da redemocratização do país.

    No total, foram 95 mandatos encerrados antes do fim – alguns governadores foram “reincidentes” e abandonaram o cargo mais de uma vez. Os mandatos foram concluídos antes do previsto pelos mais variados motivos. Neste ano, quatro saíram para disputar uma cadeira no Senado, o que reflete uma tendência na política brasileira. De acordo com levantamento feito pela CNN, das 95 interrupções, 58 tiveram essa causa.

    Até 1997, quando a reeleição para cargos executivos era inconstitucional, mandatários estaduais renunciavam ainda no primeiro mandato em direção ao Senado para assegurar um novo cargo eletivo. Desde que a reeleição foi permitida, o movimento é mais comum por parte de governadores reeleitos.

    Ainda segundo o levantamento, o segundo maior motivo de descontinuação é a busca pela Presidência. Ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB) renunciou para tentar ser presidente – depois, acabou desistindo da corrida pelo Planalto.

    Dos oito governadores que interromperam o cargo para tentar a Presidência, seis eram do Sudeste. São Paulo lidera entre as unidades federativas, seguido do Rio de Janeiro.

    Entre as saídas para disputar um novo cargo eletivo, apenas duas foram para tentar um assento na Câmara dos Deputados. Em nenhuma das renúncias, os governadores saíram com o objetivo de se tornar deputado estadual. Já em outros dois casos, os mandatários deixaram o cargo para assumir a chefia de um ministério.

    Há também causas menos usuais, como quando Siqueira Campos renunciou duas vezes ao governo do Tocantins (em 1998 e 2014) para que seus parentes pudessem disputar as eleições, conforme disposto no artigo 14 da Constituição Federal.

    Além das renúncias, também houve mandatos interrompidos por outros motivos. Seis governadores morreram no exercício do cargo, sendo um deles assassinado, enquanto outros seis tiveram seus mandatos cassados.

    Em Tocantins, o mesmo governador, Marcelo Miranda, foi cassado em dois mandatos diferentes. No ano passado, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel protagonizou o primeiro impeachment de governador da história republicana do Brasil.

    Confira os mandatos interrompidos em cada unidade federativa:

    Região Sudeste

    Espírito Santo:

    • Em 1986, Gérson Camata (PMDB) deixou o governo para disputar o Senado.

    Minas Gerais

    • Em 1984, Tancredo Neves (PMDB) deixou o governo para disputar a eleição indireta para a Presidência da República.
    • Em 2010, Aécio Neves (PSDB) renunciou para tentar uma cadeira no Senado.
    • Em 2014, Antonio Anastasia (PSDB) renunciou para tentar uma vaga de senador.

    Rio de Janeiro:

    • Em 1994, Leonel Brizola (PDT) renunciou para concorrer à Presidência.
    • Em 2002, Anthony Garotinho (PSB) saiu do cargo para disputar a Presidência.
    • Em 2014, em meio a suspeitas de corrupção, Sérgio Cabral (PMDB) renunciou ao cargo. O motivo alegado era uma candidatura ao Senado, mas ela não aconteceu.
    • Em 2021, Wilson Witzel (PSC) foi o primeiro governador cassado por um processo de impeachment na história da República.

    São Paulo:

    • Em março de 2001, Mário Covas (PSDB) morreu de câncer.
    • Em 2006, Geraldo Alckmin (PSDB) renunciou para concorrer à Presidência.
    • Em 2010, José Serra (PSDB) deixou o governo para tentar a Presidência.
    • Em 2018, Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a renunciar para concorrer a presidente.
    • Em 2022, João Doria (PSDB) renunciou com a intenção de disputar a Presidência.

    Região Sul

    Paraná:

    • Em 1986, José Richa (PMDB) deixou o governo para disputar o Senado.
    • Em 1994, Roberto Requião (PMDB) renunciou para concorrer ao Senado.
    • Em 2006, Roberto Requião (PMDB) se licenciou do mandato. Segundo  o político, o movimento foi feito para separar o “governador” do “candidato”.
    • Em 2010, pela terceira vez, Roberto Requião (PMDB) deixa o cargo. Desta vez, para disputar o Senado.
    • Em 2018, Beto Richa (PSDB) deixou o comando do Executivo para tentar uma cadeira no Senado.

    Rio Grande do Sul:

    • Em 1990, Pedro Simon (PMDB) renunciou para concorrer ao Senado.
    • Em 2022, Eduardo Leite (PSDB) renunciou e se colocou à disposição do partido para participar das eleições de outubro – acabou optando por tentar a reeleição.

    Santa Catarina

    • Em fevereiro de 1990, Pedro Ivo Campos (PMDB) morreu durante o exercício do mandato.
    • Em 1994, Vilson Kleinübing (PFL) renunciou para disputar uma cadeira de senador.
    • Em 2006, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) deixou o Executivo para se dedicar à campanha de reeleição. O político afirmou que não concordava em continuar no cargo ao mesmo tempo em que disputava a reeleição.
    • Em 2010, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) voltou a renunciar ao cargo, desta vez para pleitear o Senado.
    • Em 2018, Raimundo Colombo (PSD) se licenciou do cargo e depois renunciou para disputar a eleição para senador.

    Região Centro-Oeste

    Distrito Federal*:

    • Em 2006, Joaquim Roriz (PMDB) deixou o governo para concorrer ao Senado.
    • Em 2010, José Roberto Arruda (DEM) teve o mandato cassado pelo Tribunal Eleitoral do Distrito Federal por desfiliação partidária. Arruda havia sido afastado do cargo e preso preventivamente por corrupção.

    * Até a Constituição de 1988, o Distrito Federal era dirigido por governadores nomeados pelo presidente da República. A primeira eleição para governador aconteceu em 1990.

    Goiás

    • Em 1986, Iris Rezende (PMDB) deixou o cargo para assumir o Ministério da Agricultura no governo de José Sarney (PMDB).
    • De volta ao governo, em 1994, Iris Rezende (PMDB) renunciou para disputar o Senado.
    • Em 1998, Maguito Vilela (PMDB) saiu do governo para se candidatar a senador.
    • Em 1998, Naphtali Alves de Souza (PMDB), que havia assumido a vaga de Vilela, abdicou do posto ao ser nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.
    • Em 2006, Marconi Perillo (PSDB) deixou o cargo para concorrer ao Senado.
    • Em 2018, Marconi Perillo (PSDB) renuncia novamente pela mesma razão: a candidatura ao Senado.

    Mato Grosso:

    • Em 1986, Júlio Campos (PFL) renunciou e se lançou candidato a deputado federal.
    • Em 1990, Carlos Bezerra (PMDB) deixou o governo para concorrer ao Senado.
    • Em 2002, Dante de Oliveira (PSDB) renunciou para concorrer ao Senado.
    • Em 2010, Blairo Maggi (PR) deixou o cargo para se candidatar a senador.

    Mato Grosso do Sul

    • Em 1986, Wilson Barbosa Martins (PMDB) renunciou para concorrer ao Senado.

    Região Nordeste

    Alagoas: 

    • Em 1986, Divaldo Suruagy (PFL) renunciou para concorrer ao Senado.
    • Em 1989, Fernando Collor (PRN) deixou o posto e se candidatou à Presidência da República.
    • Em 1997, Divaldo Suruagy (PFL) renunciou durante uma grave crise político-financeira no estado.
    • Em 2015, Ronaldo Lessa (PSB) deixou o governo para disputar uma vaga de senador.
    • Em 2022, Renan Calheiros Filho (MDB) renunciou para concorrer ao Senado.

    Bahia:

    • Em 1989, Waldir Pires (PMDB) deixou o governo para se candidatar à vice-presidência na chapa de Ulysses Guimarães (MDB).
    • Em 1994, Antônio Carlos Magalhães (PFL) renunciou para concorrer ao Senado.
    • Em 2002, César Borges (PFL) saiu do governo para se candidatar a senador.

    Ceará: 

    • Em 1994, Ciro Gomes (PSDB) deixou o cargo para assumir o Ministério da Fazenda no governo de Itamar Franco (PMDB).
    • Em 2002, Tasso Jereissati (PSDB) renunciou para disputar uma cadeira de senador.
    • Em 2022, Camilo Santana (PT) anunciou a saída do cargo para concorrer ao Senado.

    Maranhão: 

    • Em 1990, Epitácio Cafeteira (PDC) renunciou ao cargo para concorrer ao Senado.
    • Em 1994, Edison Lobão (PFL) saiu do posto para se candidatar a senador.
    • Em 2002, Roseana Sarney (PMDB) deixou o governo para ser candidata ao Senado.
    • Em 2022, Flávio Dino (PSB) renunciou para disputar uma vaga no Senado.

    Paraíba:

    • Em 1986, Wilson Braga (PDS) renunciou para concorrer ao Senado.
    • Em 1994, Ronaldo Cunha Lima (PMDB) deixou o governo para disputar uma vaga de senador.
    • Em 1995, Antônio Mariz (PMDB) morreu durante o exercício do mandato.
    • Em 2002, José Maranhão (PMDB) deixou o cargo para disputar o Senado.
    • Em 2009, Cássio Cunha Lima (PSDB) teve seu mandato cassado.

    Pernambuco:

    • Em 1986, Roberto Magalhães (PFL) deixou o governo para disputar o Senado.
    • Em 1990, Miguel Arraes (PSB) renunciou para se candidatar a deputado federal.
    • Em 2006, Jarbas Vasconcelos (PMDB) abdicou do Executivo para concorrer ao Senado.
    • Em 2014, Eduardo Campos (PSB) renunciou para disputar a Presidência da República, mas morreu em um acidente aéreo em agosto daquele ano.

    Piauí:

    • Em 1986, Hugo Napoleão (PFL) deixou o cargo para concorrer ao Senado.
    • Em 1994, Freitas Neto (PFL) renunciou para se candidatar a uma cadeira de senador.
    • Em 2001, Mão Santa (PMDB) teve seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
    • Em 2010, Wellington Dias (PT) saiu do governo para disputar o Senado.
    • Em 2014, Wilson Martins (PSB) deixou o cargo para se lançar na disputa pelo Senado.
    • Em 2022, Wellington Dias voltou a renunciar para concorrer a uma vaga de senador.

    Rio Grande do Norte:

    • Em 1994, José Agripino Maia (PFL) renunciou para ser candidato ao Senado.
    • Em 2002, Garibaldi Alves Filho (PMDB) renunciou ao cargo e disputou o Senado.
    • Em 2010, Wilma de Faria (PSB) deixou o cargo para concorrer a uma vaga de senadora.

    Sergipe

    • Em 2 de dezembro de 2013, Marcelo Déda (PT) morreu durante o mandato.
    • Em 2018, Jackson Barreto (MDB) renunciou para se candidatar ao Senado.

    Região Norte

    Acre: 

    • Em 1986, Nabor Júnior (PMDB) renunciou para disputar uma vaga no Senado.
    • Em 1990, Flaviano Melo (PMDB) deixou o governo para concorrer a uma vaga de senador.
    • Em 1992, Edmundo Pinto (PDS) foi morto a tiros no hotel em que se hospedava em São Paulo.

    Amapá**:

    • Em 2002, João Capiberibe (PSB) renunciou para concorrer ao Senado.
    • Em 2010, Waldez Góes (PDT) deixou o governo para se candidatar a senador.

    **Os moradores do estado passaram a eleger governadores em 1991, quando a Constituição estadual foi promulgada.

    Amazonas: 

    • Em 1990, Amazonino Mendes (PDC) renunciou para disputar o Senado.
    • Em 2010, Eduardo Braga (PMDB) saiu do cargo para tentar uma cadeira de senador.
    • Em 2014, Omar Aziz (PSD) deixou o posto para concorrer ao Senado.
    • Em 2017, José Melo de Oliveira (PROS) teve o mandato cassado pelo TSE – sete meses depois, chegou a ser preso pela Polícia Federal.

    Pará: 

    • Em 1994, Jader Barbalho (PMDB) deixou o cargo para concorrer ao Senado.

    Rondônia:

    • Em 2010, Ivo Cassol (PP) renunciou para disputar o Senado.
    • Em 2018, Confúcio Moura (MDB) deixou o cargo para pleitear uma vaga de senador.

    Roraima***:

    • Em 2002, Neudo Campos (PP) renunciou para concorrer a uma cadeira de senador.
    • Em 2004, Flamarion Portela (PT) teve o mandato cassado por abuso de poder político e econômico.
    • Em dezembro de 2007, Ottomar Pinto (PSDB) morreu durante o exercício do mandato.
    • Em 2014, José de Anchieta Júnior (PSDB) renunciou para disputar o Senado Federal. Ele chegou a ter o mandato cassado, em 2011, mas uma liminar anulou a cassação.
    • Em dezembro de 2018, Suely Campos (PP) foi afastada do cargo após o presidente Michel Temer (MDB) decretar intervenção federal no estado.

    ***O estado foi criado em 1988.

    Tocantins****: 

    • Em 1998, Siqueira Campos (PFL) renunciou ao governo para que seu filho e sua filha pudessem disputar cargos eletivos naquele ano.
    • Em 2009, Marcelo Miranda (PMDB) teve o mandato cassado pelo TSE por abuso de poder político.
    • Em 2014, Siqueira Campos, então no PSDB, deixou novamente o governo, desta vez, para que seu filho, Eduardo Siqueira Campos (PTB), pudesse legalmente disputar o cargo que o pai ocupava.
    • Em 2018, Marcelo Miranda (MDB) voltou a ter o mandato cassado pelo TSE por abuso de poder político.
    • Em 2022, Mauro Carlesse (União Brasil) renunciou ao cargo no mesmo dia em que era votado um processo de impeachment contra ele. Ele estava afastado do posto desde outubro de 2021, quando foi alvo de operação da Polícia Federal que apurava supostos pagamentos de propina para obstruir investigações.

    ****O estado foi criado em 1988.

    Debate

    As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.

    O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.

    Fotos – Os senadores em fim de mandato

     

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